Plástico biodegradável

Descartável

A invasão foi sutil, lenta e progressiva e sistemática. Não teve alarde, propaganda, discurso inaugural ou algo que geralmente se faz quando a humanidade se depara com algum tipo de evolução tecnológica ou progresso da humanidade.

Poucos ou nenhum humano se apercebeu do real impacto da nova tecnologia no dia a dia da população. Até porque, como citado acima: a invasão foi sutil, lenta e progressiva e sistemática. 

Todos notavam a grande inteligência da novidade e suas múltiplas praticidades quando aplicadas as tarefas diárias, embora não enxergassem a grande tragédia que este invento traria ao mundo em longo prazo.

A tomada de consciência da nova tecnologia pode ser descrita com o relato de um exemplo que foi a substituição do clássico copo de caldo de cana nas tradicionais feiras de domingo. O copo era uma base de alumínio vazado em que se colocava um cone de papel fino, impermeável e no seu interior o almejado caldo. Para ingerir a beberagem necessitava-se – ao menos para min à época uma criança – uma enorme perícia que ainda não havia adquirido. Como disse o papel fino cedia ao contato dos lábios caso o cliente não possuísse a habilidade ou o tato na aproximação. Essa engenhoca sumiu, substituído pela infame nova invenção que prometia maravilhas. Sendo a desnecessidade de se lavar após o uso uma delas. Era um copo descartável.

Começaram – não sei se a partir desse momento ou se já vinha de longa data – a substituir as antigas soluções que nossos antepassados desenvolveram com inteligência, perspicácia e total apreço à natureza (mesmo que inconscientemente) e a sua preservação.

As garrafas de água sanitária antes envasadas em vidro, agora eram acondicionadas em patéticas embalagens feias, opacas e descartáveis. As garrafinhas de leite imaginem…

O tampo do vaso sanitário, que sempre foi de madeira agora fabricados em plásticos fofos e acolchoados estimulando a demora e o natural engarrafamento do banheiro.

Os vidros herméticos da cozinha agora eram coisa do passado. O moderno eram os potes de fácil asseio e acondicionamento que as donas de casa chamavam orgulhosamente de “Tupperware”. Os baldes, sempre fabricados em metal, agora eram fabricados em polímeros ultraleves e resistentes.

Lentamente, em cada solução corretamente ecológica criada por nossos ascendentes, foram substituídos gradualmente por essa nova invenção. O som, a TV e as cadeiras que antes eram elegantes móveis de madeira agora são feitas em acrílico ou policarbonato ou popularmente chamados de plástico, que não apresentam elegância ou um design minimamente satisfatório. As bolsas de supermercado que, antes, eram de papel e com uma simpática efígie estilizada de um porco ou um marrequinho estampadas se transformaram em sacolas plásticas.

Em suas diversas aplicações, o plástico, apregoado como reciclável e reaproveitado, na verdade é de difícil descarte e sua absorção pela natureza é lenta. Segundo os cientistas, quando descartado na natureza o plástico demora cerca de 400 anos para se degradar. Muito tempo para um material tão poluente. E hoje esta material e seus derivados encontram-se disseminados em todo e qualquer segmento da vida humana. Qualquer invenção, ferramenta ou utensílio que se produza possui um ou mais componentes em plástico. Fomos invadidos senhores. Invadidos e dominados. O plástico invadiu totalmente nossa sociedade. Dominando-nos, controlando, se inserindo em todos os segmentos da vida humana. Contaminando rios, mares e terras.

Será que a invasão e domínio desta dita inteligente tecnologia justifica o tremendo impacto ambiental e contaminação em nossas vidas e em todo o planeta? 

Dito isso conclamo os senhores e senhoras a refletir se conseguem passar um dia que seja sem utilizar o plástico ou sendo mais radical: eliminar o plástico de sua vida e, se possível da face da terra.