motel fachada

Pitel

Sentado à mesa no bar, Manoel olha a fotografia da moça. “Um pitelzinho”, exclama ele mentalmente, esfregando as mãos uma na outra… Consulta o relógio… Já devia ter chegado… Celular toca… Busca pelo aparelho ansioso! Era Dr. Ronaldo! Faz uma careta, seu advogado. Pelo menos as notícias eram boas. Sua esposa aceitou a proposta: adiar a audiência do divórcio. Disse ao advogado que iria tentar mais uma vez. “Caramba! Precisava se consertar!” Ele pensa…  E toma a decisão! Será esse o seu último pitel! Encerraria ali a saga de marido infiel.

Resolveu beber a isso! Chamou a garçonete e a moça tinha no crachá o nome Leticia… Seria um mal presságio? Bobagem. Deu de mão e seguiu com o pedido, brindou sozinho com uísque.

Telefone toca, agora era a Pitel, com voz melosa, que diz a ele que havia mudado os planos, que resolveu esperar por ele em um charmoso motel. Tinha em mente mil fantasias para realizarem. Manoel saiu às pressas, quase esquece de pagar pelo uísque… Quando entrou no quarto de motel a moça já o esperava, vestida de coelhinha. Propôs a ele um joguinho. Tudo que seu mestre mandar, que ele topou, é claro. E aí, ela o fez tirar as roupas, se algemar a cama, o pintou de vermelho (melhor não dizer aonde) e escreveu em sua testa com letras garrafais a palavra “adúltero”.

Depois de várias fotos e alguns vídeos, a moça trocou de roupa e disse a ele que o evento era um presente da sua amada esposa, que deixaria a chave das algemas na mesa ao lado. Caso não alcance sozinho, poderia gritar por socorro que a camareira o ajudaria, certamente.

Lá no café, Luiza aguardava por Lia, a garota de programa que contratara para dar uma lição no marido, ex-marido… Suspira, as fotos já havia chegado em seu celular. A cara de desespero de Manoel não a deixava feliz. Estava triste, com pena, não dele… Mas de si mesma, de seus filhos… De sua família.

Motel

Enquanto isso, no corredor do motel, Renata ouve uns “hei! oi! oh!” vindo de uma suíte entreaberta. Curiosa, a faxineira larga o balde mais o esfregão e vai ver do que se trata. A cena que se seguiu era hilária, a mulher não sabia se gritava ou corria. E Emanuel, apavorado, temia que seus gritos atraíssem todos para testemunhar o seu infortúnio.
– Calma! Por favor! Calma, senhora! – Suplica ele – Preciso de ajuda. Olha a chave, ela está ali!

Renata entra com um certo medo, mas apesar do receio não deixou de perceber que o algemado tinha um porte lindíssimo! E pergunta:
– Quem fez isso com o senhor?
– Uns amigos, uma aposta que perdi…

Café

Luiza, vivi a retrospectiva de seus oito anos de casada, lembrava muito bem, dos pontos negativos, mas não consegue negar o que de fato fora bom!

Motel

Renata, calma, parece mais a vontade sentada a cama, ao lado de Manoel, já livre das algemas e vestido apenas pela cueca. Comovida, ela ouve as histórias tristes, de abandono que ele lhe conta.
– Sabe o que é nunca ter ouvido uma palavra de apoio? Incentivo, sabe? – Manoel faz cara de cachorro que caiu da mudança.

Café

Luísa ouve a narrativa de Lia e pergunta:
– Qual é o número do quarto?
– 26! A senhora vai lá?

Motel

– Sabe o que é nunca te tido uma mão que lhe fizesse um afago? – Manoel coloca descaradamente a mão dela sobre seu peito nu e desliza.

Café


A porta do café, Luiza acena para o táxi.

Motel

 – Sabe o que é nunca ter tido uma mão, suave como essa, para tocar com os lábios, sorver com a boca? – Manoel deslizava a língua entre os dedos de Renata, que já não se continha. Se jogou sobre ele em chama e só não foram mais longe porque Luiza abriu a porta do quarto no exato momento.

Tribunal


Manoel tenta convencer Dr. Ronaldo a prosseguir em sua defesa no processo de divórcio, onde Luiza quer tirar tudo dele, até o Bidu, o cachorro da família. Mas Dr. Ronaldo recusa, já tem uma nova cliente. Iria defender os direitos de Luiza. Pois ele, Manuel, era um caso perdido.