quiosque praia noite

Pinturas

Passava das 17 horas e a sensação térmica continuava infernal. Com certeza o diabo esqueceu a fornalha acesa no Rio de Janeiro. Em meu ateliê eu era pura inquietude. Os pensamentos sobrepunham-se à inspiração.

Sinto-me privilegiada pois, de minha janela, cenas urbanas e da natureza exuberante que visualizo são, geralmente, temáticas que pinto em minhas telas com grande satisfação. Porém, especialmente hoje, não consigo me concentrar na pintura, tão pouco na paisagem. Na noite anterior, eu e Carla, querendo fugir do calor, resolvemos sair para saborearmos uma gelada. Ficamos em um quiosque entre a praia e o condomínio em que morávamos. O suor do corpo sucumbiu ao “suor” da cerveja. E como as geladas “desceram” tão bem devido ao calor que fazia! 

Em uma de minhas idas ao banheiro, esbarrei em uma pintura da cor de ébano. Um colosso lindo na minha frente. Pedi desculpas com uma enorme vontade de continuar ali. Mas o “aperto” me obrigou a desfazer a cena. Ao sair do banheiro, qual não foi a minha surpresa! Ele estava ali me esperando. Trocamos algumas palavras, acenei para minha amiga e, em poucos minutos, seguimos em direção à praia. Pintamos e bordamos como nunca havia experimentado em um ambiente público. A escuridão iluminada pela luz da lua nos fizeram autores de um quadro com formas em silhuetas. Claro que ele não pintou como eu pinto. Mas as cenas não saem da minha cabeça.