Minha namorada é uma vampira… era!

mosquito

Plaft!

Um forte e sonoro tapa a derrubou! Caiu desfalecida… Talvez até morta! Bom, eu a avisei!

Passei bem perto daquele corpo estendido no chão e conferi… Estava toda ensanguentada e literalmente morta!

Mas, isso foi inevitável, ela não pode fugir de sua sina vampiresca… Hematófaga. Eu a compreendo. No entanto…

Locutor: DOIS DIAS ANTES!

– Cida, nós podemos evitar isso – disse-lhe.

– É claro que não, preciso de proteína e ferro… Como fortalecer os meus rebentos sem isso? – respondeu, embravecida com duas mãos na cintura!

Eu a conheci há dois dias, mas foi amor à primeira vista… Também, não tinha nenhuma outra há metros dali… E olhe que tenho uma excelente visão periférica, dado os meus olhos multifacetados… Ela estava endurecendo ainda… Não tinha nem boca! Logo que pode ela me cantou… Eu a cantei também… Cantamos em uníssono e assim nos entendemos… Ela era minha e eu dela. E saímos dali alçando o voo da liberdade e com ideia de ter filhos. Muitos!

Paramos para sorver um néctar! Ela era linda, apesar de seu nariz… Grande! Falei grande?… Quis dizer enorme, incomensurável, mesmo! Eita!… Bom, vamos considerar que o meu também não é o que se possa dizer: Nossa que nariz lindo, fino e arrebitado!… Não, é uma tromba, mesmo!

Bom, sou vegetariano por natureza!… Do tipo frutígero. No início ela me acompanhava em lautas refeições de várias espécies de frutas, mas…

– Nossa!

– O que foi, Cida…?

– Essas maçãs, Quito… Parecem estar podres…

– Coma uma banana, oras! – Repliquei.

– Viu como está a cara delas?

– Você vai comer ou namorar com elas? – chacoteei.

Pra quê?! Ela enrijeceu o nariz… Foi o nariz, mesmo, tá?… E zarpou dali de perto de mim. Apareceu muito mais tarde, toda ensanguentada. Estava satisfeita!

E assim passamos as nossas vidas, que afirmo foi bem curta, talvez por essa sua fome… Natural, pra ela!… Esdruxula, pra mim! Dormíamos o dia todo em um local tranquilo, que era o nosso castelo… E saíamos à noite. Apesar de tudo eu acompanhava nos seus rituais macabros. Sondava uma vítima, não importava se homem ou mulher, criança ou velho, ficava a rodeando e atacava para lhe sorver o sangue.

Arrrrhgh! Que coisa nojenta. E ela voltava assim, satisfeita, suada, toda ruborizada, meio trôpega como se tivesse sugado todo o plasma daquele vivente.

E eu sempre a avisando:

– Cida, tome cuidado!…

– Quito, não posso evitar… É a minha natureza!

E seguíamos cantando, ela em 400 hertz e eu em 600, até nos entendermos em uníssono de 1200 hertz.

Naquela noite… Ah, aquela noite… O infalível aconteceu. Acordamos cedo e resolvemos ir a um restaurante, ali perto de casa, mesmo.

Entramos. O lugar era chic. Todos bem arrumados, em vestes de gala. Vi logo umas frutas maravilhosas postas em um balcão bem arrumado… Distrai-me com isso! Ela se dirigiu a outra mesa onde havia homens de paletós e duas moças com os ombros nus… Estavam rindo, divertiam-se a goles de vinho e sei lá mais o quê.

Nem deu tempo de avisá-la do perigo. Lá ia ela, feliz, em direção a sua vítima… Aproximou-se, sem rodeios, fez a abordagem naqueles lindos ombros nus e…

Plaft!

Um dos rapazes a acertou com a tapa mortal!

Já era a minha Cida!