Serpente fruto proibido

Eva e Adão

Estando, Adão, no Éden, pelado, pelado… Totalmente nu, como apareceu no mundo, andava de um lado para outro,  balagandando “as partes”, falando com as flores, com os animais, molhando as samambaias… E vice-versa no outro dia! O Poderoso olhou pra ele e viu que isso não era bom. Cofiou a longa barba, pensou, pensou e pensou… Chamou-o com sua voz de trovão: 

– Adããão! 

Ele tomou um susto com tamanho vozerio: 

– Eita, porra!… Será que vai chover, de novo? 

– Sou eu, Adããão, seu criador… 

Recompondo-se, de chofre, do susto ele argumenta: 

– Eu sabia… “Tava brincano”!… Afinal, só tem eu e Sua Voz nesse… Nesse… “Paraíso”, por assim dizer! – Acalmai-vos… Acalmai-vos… É sobre isso que isso mesmo que vos falarei… 

– Então, manda bala, quero dizer: Falai-vos vós! 

– Percebi que estás meio entediado… 

-Tédio é o meu apelido… Meu sobrenome é… – (Martelou as palavras) – “Tá um marasmo desgraçado, da porra”! – Estou sabendo… Minha onisciência me informou!… Por isso, eu vos trarei uma companhia…  

– Ebaaaaaaa! 

– Ela te fará feliz… Dar-te-á carinho e te seguirá por onde andares! 

Adão pensou um pouco e sapecou: 

– Já sei!… Uma cadela! 

– Bom, daqui há alguns milhares de anos a chamarão assim, mas é uma Mulher! 

– Mulher?! Que diabo é isso? 

– Vais já descobrir… Queres ver? Dorme!… 

E tudo aconteceu como narraria um livro bem mais tarde. Adão dormiu e, ao acordar… Surpresa! Tinha sido operado…  Levantou, como sempre, para viver sua rotina. Eis que, do nada, assim, saindo detrás de um arbusto, surge a mulher! Linda!  Excelente espécime; cheia de curvas; duas protuberâncias maravilhosas, assim, bem na altura dos peitos; e aqueles lábios,  voluptuosos; uma pele feita de pera; bochechas rosadas… Um tesão! 

Adão nunca tivera uma ereção na vida! E com a aproximação daquela diva, sentiu suas partes “vegetais” entumecer e  crescer. Ao ver aquele fenômeno ocorrer pela primeira vez, teve tempo de alertá-la: 

– Sai da frente que eu não sei até onde esse troço vai!… 

Não sei o porquê, ela riu disso, e ainda disse: 

– Quendera! 

Bom. Apesar desse primeiro encontro, aparentemente, “caliente”, tinham que seguir algumas regras. E uma delas dizia que  podiam comer de tudo… Menos, e isso era a maior curiosidade deles, uma tal fruta, de uma tal árvore, lá do meio do Éden. E, assim,  como todos os dias eram “domingo”, seguiram a vida, de mãos dadas, comendo uma fruta aqui, uma fruta ali. Porém, contudo, no  entanto, sem tocar na fruta maléfica. Certo bicho, incomodado, resolveu se aproximar de Eva, no momento em que Adão subira em  um pé de jaca: 

– Pssssssiu! 

– Oi, dona Lili, como vai a senhora? 

– Me arrastando e sofrendo com ignorânzzzia de vozzzês! 

– Como assim? Quer que peça para o Adão descer pra gente conversar? 

– Não, deixe ele trepado… Aliázzz, inclusive, quanto mais ele aprender a trepar, melhor. Vai por mim! – Não estou entendendo… Temos que comer muita jaca? 

– Ai!… Mas, vamozzz lá… Minha amiga, vocêzzz tem uma misssssão a cumprir nesse mundo de ssseu deussss. – Tipo o quê? Plantar e semear, isso a gente já faz! 

– Nana nina, não! Vocês precizzam povoar o mundo… Colocar maizzz gente… Criançasss, homenssss, mulheressss… E não  ezzzqueçam dos políticosss! Esses ssão a minha gente! Sssserão a minha contribuição por essssa dica!… Bom, o Adão está  desscendo, amanhã te falo mais umas coisssas boasss! 

Ainda confusa, Eva ajuda o companheiro a levar duas jacas para a lapa onde viviam, e, no meio do caminho narra o trelelê  que tivera com sua amiga, simpática. 

– Não entendi, nada, mas tá bom! Ela disse que vai me contar novidades amanhã… E já estou curiosa! – Curiosa?! O que é isso? 

– Não sei, mas estou com uma inquietação nas entranhas… Um desejo intenso de saber o que é! 

Ah, Descobriam que nem só de fruta vive o homem. Adão aprendera a caçar. No dia seguinte saiu cedo, logo após o chá de  cidreira com beiju, enquanto Eva ficou num pé e noutro aguardando a nova amiga.  

A manhã passou e a benfazeja não apareceu! Adão chega suado, mas com cara de bons resultados.  

– E aí, como foi o seu dia, com sua amiga? – Perguntou, arriando um jamanxim feito com palha trançada e forrado com  folhas de bananeira. 

– Aquela desgraçada não apareceu… Tô com as unhas no sabugo!… E você, como foi o seu dia? 

– Foi mais ou menos… Mas consegui carne pra gente fazer um churrasquinho… Olha! – abrindo o jamanxim! -Eita! É a minha amiga – Exclamou Eva!