Brilho negro

O big implode o início, ou o bang explode abrindo a porta para a existência? No começo não havia nada, então de mãos dadas entraram em cena a luz e a escuridão.

O universo bateu palmas para a vida, quando surgiu a água…  Logo, a caneca, a cachaça e a vida tornou-se uma bagunça.

Aí, veio Deus, bonachão, vaidoso de ser autor, varrendo a criação encontrou uma célula. Utilizando-se do poder, não pensou duas vezes_ eis o primeiro erro_ abriu o forno, fez o  homem.

Invejando Deus, o homem declarou-se ateu.

O Criador, possuído, mandou o cara arrumar as malas _segundo erro_  exilou-o num planeta azul, cheio de água.

Sem noção, num lugar com mais água do que terra, o filho denominou aquilo tudo: planeta Terra.

O universo quentinho, tendo o Sol como combustível, foi esfriando, esfriando, esfriando até Adão (personagem de Deus) botar o pé no chão.

Ele, negrinho, da cor da noite, deu os primeiros passos, corria pra todo lado. Ainda criança, queria voar, passear; estava fascinado com tanta novidade. Aí veio o tédio, começou a ficar triste, perdeu-se nos bares, dormiu nas calçadas.

O pai, ocupado com o filho, resolveu dar uma nova chance, permitiu-lhe um desejo.

Fascinado com o desejo, grudado na língua, salivou pela primeira vez  “o bicho pegou”, o pau levantou, pediu de imediato a criação da fêmea.

O bom Pai abriu os braços, num gesto de amor, trouxe à vida a mais bela das suas criações: a mulher.

Encantado, Adão tratou-a Eva. Sorriram, amaram, deram asas à imaginação, mas também discutiram a relação…

A brincadeira de viver a dois continuou, sem preservativo, geraram o primeiro filho.

O avô ficou feliz, resolveu dialogar, conversa vai, conversa vem… Deus ofereceu responsabilidade à Adão: criou o trabalho _terceiro erro_  a humanidade paga caro até hoje …

Exilado da casa do pai, começaram as contas: luz, água, gás, imposto, taxa, multa, etc.

Eva deslumbrada fazia rastafári no garoto.

Abel, neto do dono do mundo, não deixou o sucesso subir na cabeça, tinha bom coração, respeitava a natureza, tratava bem os animais, não falava da vida dos outros, curtia música africana, ligado no tempo…

O pai mais a mãe, preocupados com a solidão de Abel, encomendaram Caim.

Caim cresceu no Egito, muito orgulhoso, trapaceiro, invejoso. Discutiu com Abel, matando o irmão por causa desconhecida, inventando o assassinato.

A sorte que naquela época: todo mundo comia todo mundo. Abel meteu na mãe que fornicou com o filho de Caim; Adão entrou na confusão, transou com a neta… Nasceu um clarinho, outro vermelhinho, um amarelo… Na sequência misturou tudo, surgiu a humanidade…

Hoje, os irmãos andam pelas ruas e como não se lembram de nada, mal se conhecem, entretanto, no fundo do peito bate o coração de todo mundo; bate a lembrança daquele brilho negro…