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A sogra do diabo

Quando o diabo conheceu sua atual esposa, Deus estava namorando. E aí ele pensou: “Se Deus phode… Por que não?” Ainda era rapazote, fazendo suas primeiras maldades… Na verdade, pra ele não são  maldades… É o seu trabalho! Uma abelha ferroa porque ela é má? São os seus desígnios… Ou de Deus, como queiram! No seu entendimento, Deus é que fora mal com ele, expulsando-o do Paraíso, onde era alguém que gozava de autoridade, privilégios e regalias. Realmente não sabe se merecera isso, por despertar o espírito de competividade na “empresa”… 

Bom, aliás, mal… Ganhou seu próprio império… E ao contrário do que pensam, o inferno não é tão incômodo assim. Há de tudo por lá… Políticos, políticos e políticos… Há muuuuuitos políticos… Mas, há também muitas prostitutas, profissionais liberais… Tá certo que é meio quentinho, mas tem uma coisa que todos adoram… É open bar! Sempre! E por isso, tem atraído muitos artistas… Com suas almas boas! E aí,  sempre rola umas boas orgias por lá… Também tem muitos padres… Pastores, então… Pois é, o inferno, ou ínfero, é como se fosse uma mini Brasília, compreendem? 

Mas, voltemos ao eixo… Lucífer ainda era uma diabote quando deu match com sua pretensa. Eis um pouco de sua conversa que vazou:
– Olá!
– Nós nos conhecemos?
– Não, mas minha mãe disse que estou na hora de casar. Podemos conversar?
– Claro, hoje estou com a mente vazia… Qual é o seu nome?
– Samael e o seu?
– Deolinda…
– Podemos brincar de qualquer coisa… Menos de esconde-esconde…
– Por que?
– Porque você é uma mulher difícil de encontrar!
– Putz! 

E foi por aí, conversa escrota vai, conversa escrota vem, casaram! E nasceu Eliabel. E depois, dizem, que eles tiveram outros filhos… E até um filho bastardo. E, talvez por isso, um dia sua esposa “Linda”, também chamada de dona Belzeboa, chega pra ele e diz:
– Tin!… – Ela o chamava de Tin, abreviatura de Tinhoso – Tenho uma novidade pra te contar…
– O que foi, meu ódio?
– Minha mãe vem nos visitar…
– Sério!?… Que diabo!… Aliás, que Eu!
– E talvez fique uns dias aqui conosco!
– Que desgraceira, sô! 

E não é que a desgraçada veio mesmo? De mala, cuia e penico… Trazendo dois netos que eram uns capetas… Endiabrados, mesmos! E, dizem, que se tem uma coisa que o Diabo tem medo… É de moleque! E olhem que Belzebu havia se emperiquitado todo… Chegou a depilar as pernas de bode… Amolou e passou verniz nos chifres! Primeira vez que ela iria visita-los! Afinal, uma sogra é uma sogra… Todos falam que ela é parenta do diabo. Não faz jus! Não a sogra do diabo… E ela chega… Ele é um fogo só! Ela já chega oferecendo uns docinhos…
– Bom dia, genrinho… Quer um olhinho sogra? 

Quando viu os moleques, nosso herói encolheu as pernas no sofá e exalou um abafado “aaaarghh”! Os moleques passaram zunindo, como se entrassem em parque de diversão…
– Êêêêêêêêêê!

Um deles já agarrou o tridente e espetou a bunda de um penitente que exclamou:
– Êpa! Eu sou o cara das chicotadas! 

O outro quebrou o mármore e disse que mijou dentro do caldeirão! Duas almas pularam nas labaredas gritando:
– Nos ajudem pelo amor do Cão!

O diabo se benzeu! 

E a sogrinha, despossuída, pegou o seu kit de manicure e se pôs a cutilar a mão do diabo! E os dois lá, virados no satanás, correndo atrás das almas; um deles jogou o gato no caldeirão; outro enrolou arame farpado no cavalo… Aquilo sim, estava um verdadeiro inferno. A sogra, para acalmá-lo disse:
– Não se preocupe, meu genro… Eles são hiperativos, mas logo vão cansar! 

Aí, o diabo, já com base incolor nas unhas, pensou:
– Meu Deus, o que vão falar de mim, por esse mundão de “nós dois”!