Sempre que acontecia uma festa entre as cores. O vermelho era sempre o último a ser convidado, e motivos não faltavam:
— Esse seu exibicionismo vibrante em querer se destacar mais que as outras cores me deixa muito irritado – diz o azul, com cara de poucos amigos.
— Faz questão de se misturar comigo, coisa que eu detesto! — Grita o amarelo.
— Quando ele está presente eu fico apreensivo, me lembra fogo — murmura o trêmulo verde.
— É um comunista! — Esbraveja o rosa.
O vermelho, sentindo tanta rejeição, tenta se explicar:
— Mas eu também sou os raios de sol, o amor, os frutos maduros…
Ninguém dava ouvidos as suas palavras.
Todas as cores faziam questão de mostrar suas suaves nuances, enquanto o vermelho não se inibia em destacar a sua intensidade. Isso incomodava muito as outra cores. Por isso, no grande baile da primavera, não foi permitida a sua entrada.
Se sentindo muito triste e solitário, o vermelho decidiu que era hora de partir naquela noite. No grande baile, as cores dançavam e se divertiam bebendo drinks coloridos e felizes com a partida do vermelho.
No inicio tudo parecia tranquilo. Ledo engano. Quando as cores acordaram no outro dia, todas ressacadas, depois de um grande porre, ao abrirem a janela de casa, viram um por de sol sem vida, as flores de uma palidez de fazer dó. Foi então que elas caíram na real:
— Pra onde foi o brilho das maçãs? — Perguntou o laranja, preocupado.
— E a intensidade do fogo? Onde existia vida, hoje tudo é só palidez — constatou o plácido branco.
As cores chegaram a conclusão que sem a intensidade do vermelho aquele mundo perderia o sentido. Arrependidas da injustiça que cometeram, saíram a sua procura. Ao o avistarem, no alto de uma pedra, elas correram ao seu encontro:
— Precisamos de você novamente conosco — pediu humildemente o amarelo.
— Sem você, o nosso mundo fica sem vida – disse entre lágrimas o azul.
O vermelho hesitou, mas então viu o céu pálido e as flores murchas. Com um breve suspiro, disse sim e voltou ao mundo das cores, tingindo tudo outra vez. A volta do vermelho foi comemorada com uma grande festa, onde ele foi a atração principal. A partir daquele dia, todas as cores fizeram um pacto de nunca mais rejeitar cor alguma.
Que conto bonito, Totó! Parabéns.
Obrigado,meu amigo.
Lindo conto!
Totó, vc cada vez mais criativo vc e deixando sua literatura registrada para a humanidade 👏👏👏
As vezes, nos sentimos como o vermelho. O receio de sermos mal interpertados, nos faz querer sair de cena. Mas, na verdade, devemos saber que não há melhor nem pior, nem maior, nem menor, todos nós, somos importantes e necessários.
Bonito e criativo conto. Parabéns!
Valeu, meu amigo.
Excelente conto, parabéns amigo!
Obrigado,meu amigo.
Amei, Totó. Vou apresentá-lo a meus alunos.
Obrigado ,querida.
Grande Totó, fiel ao estilo cientista da benigna cepa cearense!
Valeu , meu amigo !!
Que texto bacana! Ao mesmo tempo suave como azul bebê, mas cheio de vermelha intertextualidade!!! Parabéns!
Que lindo Totó. Passei 46 anos sem usar vermelho, nenhuma peça de roupa, acessório ou calçado. E sem nenhuma explicação plausível, pois tenho preciosidade pelo vermelho da minha opção militante. Há poucas semanas, pra representar a Mônica do Maurício de Sousa topei o desafio. Ainda não foi confortante. até por que, Nath descobriu olhando fotos antigas, o que pode ser o motivo do distanciamento da cor. Seu texto, me trouxe memórias do tempo em que o vermelho foi tão presente em minha vida. Abraços
Que bom,que o meu texto trouxe boas lembranças para você.😊
Muito bom 😊
Que texto lindo e cheio de significado!
Transformar algo aparentemente simples, como as cores, em uma metáfora poderosa sobre exclusão, reconhecimento e reconciliação.👏👏👏