Essa lua não é minha

mulher e lua

Havia uma garrafa de vinho na mesa… Na verdade, um quarto!… Duas taças, uma delas acalmada… A outra, trôpega de reminiscências!

– Clareou?

– Sim, por algum tempo… Um bom tempo! E acabou me prostrando a um luar que se esvai quando nasce a lua nova…

– Mas, lua nova não nasce!

– Quis dizer Nice, uma bebida que preparo… Um genérico do Ice… Pois é bem verdade, a lua nova… Nessa fase a temos, não havemos! Mas, havia magia, beijos e sonhos… Transcendíamos a moral e o imoral chegando quase ir às vias de fato do amor em um bar… Ou foi na praça?… Na grama, acho! No motel, com certeza fomos além das preliminares, entrelaçando pernas, línguas e pensamentos… Seus beijos eram um néctar… E o seu néctar, uma delícia nos meus beijos!

– Houve um princípio?

– Sim, houve indícios no trabalho! Eu ao computador e ela se aproximava por detrás a guisa de olhar meus afazeres ou fazer alguma pesquisa… O curioso é que não foi uma nem duas, foram várias… Ela com desfaçatez roçava os seios em meus ombros.. Parecia tão natural que não quis espantar… Então eu a imaginava nua, nesse mesmo proceder, e me extasiava, querendo mais! De ser letrista, letrado… Virei um selenita, um bisonho aluado… Eu era um menino aninhado entre suas pernas a lhe acariciar as mamas… E um safado a lhe virar de ponta cabeça… e degustar o céu! Como já disse aquele cantor: A sua coisa é toda tão certa! E eu ali, Embevecido por sua luz… Pela deidade que emana aos que são dados à licantropia… Como eu!

Mas, toda aquela luz não me concernia… E eu pensando estar em Marte buscava outra lua, uma dublê…

– Mas,… Como assim outra lua?…

– Naquelas fases de lua nova em que eu não a via… Buscava noutras pernas, bocas e seios… Fantasias! Não queria nada com Ponto G, ia direto ao ponto X…

– Ponto X?

– Sim, ponto X… Ou Exes, como dizem: ExesVídeos!… Lá eu encontrei minha outra lua… Agora eu era Marte, tinha Deimos e Fobos!… Tais astros brilhavam e eu, ali, refém… Refém e algoz de mim mesmo!…Esfaqueava-me a bel prazer… E vibrava na mente que me mentia… Olhava uma e invaginava a outra… E a Lua se fazia flor, uma deusa… Diana! E então, aquelas brincadeiras a dois, vinham e extravasavam a sós… E jazia eu, no éter e na marola querendo roubar a lua de outrem!

Quando acordei, o sol ardia tanto quanto o dissabor da realidade!

– Findou?

– Para falar a verdade, nem começou!