Na manhã de um dia desses, me distraí na conversa de duas meninas passando. Estava sentado no portão, na calçada, do outro lado da praça, aberta, de memórias várias, atrás da garagem da escola. Falavam que o pior do que se pegar abuso é se curtir nojo de alguém.
Eu, ainda de pijamas, não quis sair mais de casa. Eu, o mais feio, o pior. Minhas pernas tremiam de tudo que a culpa faz. Meus olhos davam o duro silêncio. De mim, não pude negar, a fundo, um jeito bruto escondido; que é o que nunca me deixa ser homem de verdade.
– do conto “vontade de ler”, no livro “Masculinidade perdida”
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