(Conto ficcional, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência)
No dia 07 de outubro de 2023 o mundo estremeceu diante de um ataque brutal e execrável. O grupo terrorista Hamas invadiu Israel, deixando um rastro de destruição: quase 1,2 mil mortos e mais de 250 reféns. A resposta israelense foi implacável. Bombardeios incessantes transformaram a Faixa de Gaza em um inferno em chamas, enquanto tropas marchavam sobre os escombros de uma cidade dilacerada pela guerra.
Algum tempo depois, na cidade de Gaza, Adel e sua esposa, Jamile, preparavam-se para fugir ao amanhecer. O sul prometia mais segurança, pelo menos para seu filho, Jamal, de apenas sete anos. Contudo, na calada da noite, o estrondo da porta arrombada silenciou qualquer esperança.
Soldados israelenses invadiram a casa como predadores. Sem aviso, arrancaram Jamal dos braços da mãe. O menino chorava, lutava, mas seus gritos foram engolidos pelo desespero. Adel reagiu, num impulso desesperado de proteger o filho, mas a coronhada do fuzil o jogou ao chão. O gosto ferroso do sangue inundou sua boca. Ele tentou se erguer, mas a brutalidade o esmagava.
A beleza de Jamile despertou nos olhos dos soldados um brilho faminto e em seus rostos denunciava intenções sombrias. Dois deles rasgaram seu vestido sem hesitação, expondo sua vulnerabilidade ao horror. Adel, mesmo atordoado, entendeu o que estava prestes a acontecer. Num último ato de desespero, se atirou contra um dos agressores. O estampido ecoou seco e sua vida foi arrancada com um tiro certeiro na testa. Seu corpo caiu pesadamente sobre o chão frio, o sangue formando poças escarlates ao redor de sua cabeça.
Jamile queria gritar, mas sua voz morreu na garganta. Seu corpo, antes sagrado, tornou-se campo de batalha para os instintos animalescos dos invasores. Seguraram-na com força, enquanto um a um a violentava, naquela situação bizarra, onde sangue e sexo se misturam, reduzindo sua dignidade a cinzas. O tempo perdeu o sentido. O corpo latejava, a alma se despedaçava. Quando enfim a deixaram, ela sentiu um misto de ódio e alívio do fim. Mas a dor não terminaria ali.
Outro grupo entrou, rindo. A expressão nos rostos daqueles homens dizia tudo. O tormento estava longe de acabar. Mas algo dentro dela mudou. A dor se transfigurou em fúria. O ódio pulsava em suas veias, e ela soube que só restava uma opção: vingança.
Fingiu rendição. Os soldados, embriagados pela própria selvageria, relaxaram a guarda. Foi o tempo exato para que sua mão trêmula deslizasse até o cinto de um deles. Seus dedos encontraram a frieza metálica de uma granada. Num último suspiro de coragem, puxou o pino.
O estrondo sacudiu as paredes da casa, um grito de vingança cravado no ar. O corpo de Jamile se dissipou no fogo, mas levou consigo três dos seus algozes para o inferno. No meio do caos e da poeira, apenas um pensamento pairava como uma sombra inquebrantável: a vingança não terminaria ali.
Se Jamal sobreviver, o ódio o guiará. Seu coração carregará as cinzas daquela noite amaldiçoada e um dia, ele preparará a sua retaliação, renovando o ciclo sangrento e eternizando essa vingança maldita, que acompanha esses povos há muitos anos.