Desligou a televisão. Estava cansada das mesmas notícias. Violência, execuções, desamparo, vergonha. Já sentia até um estresse, um aperto, um choro contido e um luto pelo mundo, pelo país. Uma pena generalizada.
Temia pelas crianças, pelos jovens, por todos. Desligou tudo o que fosse objeto falante: celular, tevê, aparelho de som. Queria na quietude concatenar as ideias. Mas era impressionante o barulho do silêncio! As televisões em altos volumes dos vizinhos; os gritos das crianças na rua da frente; a música animada da festa na rua de trás, provavelmente uma aglomeração. Os fogos por algum gol ou sinalizando um movimento suspeito no morro.
Tudo aquilo de repente foi virando imagem 3D. podia ver como se em um holograma as cenas descritas. Podia ver as pessoas e seus risos, sua correria, o choro de um bebê, o cachorro que latia…
De repente, percebeu que estava numa câmara, uma nave espacial projetando essas imagens no espaço sideral mostrando para qualquer ser evoluído de algum possível planeta habitável através de uma tela, como um jornal televisivo anunciando em suas manchetes a dor da gente, pobres terráqueos, errantes por natureza.
Acordou com as batidas fortes na porta e quando foi ver, era um grupo de pessoas fazendo um burburinho. Reconheceu alguns vizinhos ao redor de sua filha que esquecera a chave e não conseguia entrar na casa. Talvez por mexerico o grupo tenha se formado, mas preferia acreditar que era um sinal de solidariedade. Nesse momento, uma estrela caiu.
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