Antônia é uma daquelas mães que não cortou o cordão umbilical com os filhos, mesmo sendo adultos. Toma conta das finanças, se mete em suas intimidades com as esposas, enfim, mulher alguma deseja tê-la como sogra. Em uma viagem de férias para a casa de praia da família, do jeitinho que ela gosta, na companhia dos filhos, netos, noras, cachorros e papagaio, Antônia vai às compras no mercado local com os filhos enquanto as noras Juliana, Mônica e Patrícia preparam o café da manhã. Aproveitando para conversarem sobre o olhar da sogra atento sempre a tudo no quanto as incomoda e atrapalha, interrompidas por Juliana que ao deixar cair a xícara preferida da sogra dá um grito desesperador: “Meus Deus rachou! A megera vai falar até as férias acabarem, socorro! Me ajudem!” Mônica apressada joga a xícara longe sem pensar duas vezes, pronto! Acabou o estresse. O que os olhos não veem, a boca não atormenta o nosso juízo. Patrícia comenta: “Parece castigo! Justamente a peça que ela mais gosta.”
Continuando a falar sobre o descontentamento em ter a matriarca como companhia em todas as férias, Antônia e seus filhos (Marcos, Damião e Gentil) retornam. Todos sentados à mesa, com novas louças disponibilizadas, tudo ia correndo bem quando de repente ouvem um grito desesperado vindo da área: “Meus Deus, quebrei a xícara preferida da megera! Bem feito, aquela infeliz merece! Por que ela não morre logo? Velha insuportável! Castigo…” De repente fica aquele silêncio absoluto. O papagaio, exausto, para pra beber água e volta a maratonar… “Pronto! Zuni longe!” Marcos se levanta gritando: “Chega, seu fofoqueiro!” O papagaio, gargalhando e gritando, fala: “Marcos também é corno!” Gentil, que até então não dera uma palavra, questiona: “Também?” O bafafá fica enorme quando Antônia começa a gritar furiosa: “Que decepção! Eu só fiz ajudar vocês e olha o meu pago!” As noras aproveitam o momento para desabafar o que estava preso na garganta por tanto tempo, perguntando o que fizeram para merecer uma sogra como ela que não permite que seus relacionamentos sejam leves e livres de tanta interferência. Mônica, aos prantos, fala jamais ter traído seu marido. De repente, o papagaio volta a falar: “Bobinho, pegadinha!” repetindo umas 5 vezes. “Plim plim! A seguir, cenas dos próximos capítulos! Ôooooo! Eu sou Tonho da Lua, Raquel má, Marcos corno! Marcos corno!” e começa a cantar: “A noite vai ter lua cheia…” Todos se acalmam ao perceberem se tratar de falas de novela. Antônia, com os olhos marejados, pede perdão aos filhos e noras por tudo o que prejudicou na vida deles sem perceber, desabafando: “Eu amo tanto vocês que não tenho paz, não descanso. Faço tudo para ajudar. Jamais imaginei fazer mal e sim proteger, mas a partir de hoje viverei a minha vida. Vou conhecer novos lugares, fazer novos amigos. Venderei essa casa que tão mal fez a vocês e com o dinheiro realizarei os meus sonhos de conhecer o mundo. O olho de sogra sairá do controle!” Imediatamente, pegando o celular, telefona para o corretor de sua confiança, agendando reunião para assinatura da Autorização de Venda do Imóvel.
As férias terminam de um modo jamais experienciado. Os novos donos chegam e, bem mais leve, Antônia convida a família a fazerem juntos a entrega das chaves.
Denise, vou tomar cuidado ao levar meu papagaio nas próximas férias. Parabéns pelo Conto.
Obrigada por ler e comentar amigo querido, pois é!