Tudo bom? Meu nome é Rodrigo e eu tenho dez anos. Gosto de brincar na sala de casa e sou muito esperto. Sempre atendo o telefone logo nos dois primeiros toques. Um dia, o telefone tocou e eu corri para atender:
– Alô! – disse eu.
– Oi, Eliane. Tudo bem?
– Aqui é o Rodrigo. Vou chamar ela.
Que droga! A amiga da minha mãe achou que era ela que tinha atendido. Fiquei com raiva, porque a amiga da minha mãe confundiu minha voz com a da minha mãe só porque eu tenho a voz fina. E daí que eu tenho a voz fina?
Nos dias seguintes, eu não atendia mais o telefone tão rápido. Esperava um pouco e atendia com a voz mais grossa que eu conseguia fazer:
– Alô! Quer falar com quem?
– Oi, Roberto. A Eliane está?
– Não é o Roberto, não. É o Rodrigo! Já vou chamar ela.
Agora me confundiram até com o meu pai. Cada vez que atendia o telefone, eu engrossava mais a voz, mas a pessoa do outro lado sempre me confundia com outra pessoa. Até desligaram uma vez, achando que tinham ligado errado.
Só relaxava quando quem ligava era alguém que eu conhecia:
– Alô! Quem fala?
– Aqui é o Marquinhos.
– Oi, Marquinhos! É o Rodrigo! – atendia eu, mais tranquilo, com a minha voz fina mesmo, porque o Marquinhos é meu primo mais velho.
Um dia desses, o telefone tocou e eu preparei minha voz mais grossa:
– Alô! Quem fala?
– Rodrigo, é a tia Léia. Que voz é essa?
Expliquei a situação e a tia Léia riu alto:
– Ah, Rodrigo, sua voz é linda do jeitinho que ela é. Você tem que ter orgulho dela. Um dia, quando você for mais velho, ela vai ficar mais grossa. Até lá, não precisa mudar para agradar ninguém.
Fiquei pensando: Será que precisava mesmo mudar a voz? Comecei a lembrar de todas as vezes que as pessoas riram ou gostaram da minha voz verdadeira. Decidi que não precisava mais esconder quem eu era.
No dia seguinte, o telefone tocou e eu atendi com minha voz normal:
– Alô! Quem fala?
– Rodrigo, é o tio Romário. Rapaz, que voz bonita. Essa voz eu conheço bem! Que bom falar com você.
Sorri. Percebi que minha verdadeira voz é parte de quem eu sou e que meus amigos e família gostam de mim do jeito que eu sou. Não mudo mais a minha voz pra agradar ninguém!
Carlos, amei o nome da mãe… kkk.
E me identifiquei com o problema da voz do Rodrigo…kkkk