Decidi tirar um momento pra me ouvir, sentir quem realmente sou, sem interferências externas, sem direção definida somente seguindo os instintos. Deixei a porta se fechar atrás de mim me libertando do cotidiano pesado, infeliz com a certeza de que nada poderia ser pior do que estava vivendo. Pedindo carona na beira da estrada, levando na bagagem o extremamente necessário, de mochila nas costas, chapéu na cabeça, vestido leve e sandálias confortáveis, aguardando sem pressa alguma. Foi quando avistei se aproximando um carro grande, tipo jipe, com duas mulheres que perguntam: “Para onde vai?” Respondi “para onde estiverem indo”. A porta do carro se abriu, Gisele e Maria me receberam com um grande sorriso e comentaram: “Pelo jeito queremos a mesma coisa. Sem destino definido mas feliz e leve, certo?” Aliviada respondi que sim, quero férias indefinida da vida cotidiana onde possa ser Eu, redescobrir quem Eu Sou na essência. O silêncio se fez, dando lugar a paisagem e pensamentos internos. Relaxada, adormeci por horas, acordando quando o motor foi desligado. Me deparei com uma linda cachoeira, barracas de acampamentos, algumas pessoas num um ambiente em que só a natureza se manifestava, convidando para a paz e equilíbrio que tanto buscava. Sem pensar tirei as roupas, caminhando até as águas descalça e completamente nua de roupas, sentimentos, expectativas e julgamentos. Me banhei com a percepção do todo que sou, completamente integrada ao ambiente, permanecendo de modo atemporal apenas me sentindo, ouvindo e protegendo.
Maria e Gisele me abraçaram carinhosamente, convidando para participar na roda de mulheres envolvendo o meu corpo em uma manta perfumada, me conduzindo ao meu assento. Luiza iniciou o trabalho com cânticos da natureza ao som de maracas, tambores, palmas e danças. A medida em que o tempo seguia, seres integravam a roda, fortalecendo o processo curador intensamente, proporcionando um turbilhão de emoções. Já não sabendo se era Eu ou Eles, caminhei até Sofia e recebi um cálice, bebendo imediatamente o líquido de gosto forte de raízes. Gisele me ajudou a deitar, fazendo breve varredura no meu sistema, o reequilibrando. Adormeci sonhando com uma antepassada da floresta me respondendo antigos questionamentos, me trazendo a compreensão, se colocando do meu lado durante todo o ritual. Outros seres se aproximaram. O sol começava a se recolher dando lugar a uma linda lua cheia, proporcionando força e plenitude. A fogueira foi acesa, dançamos, cantamos e, novamente em roda, conversamos sobre percepções e sentimentos. Dormimos e aos primeiros raios de sol já estávamos na estrada. Não mais fragmentada em frangalhos por tantas dúvidas e culpas, inteira, segui com as novas amigas estrada afora, sem destino planejado. Avistamos um luau, mais uma vez de mulheres, descemos do carro e convidadas a integrar ao grupo, dançamos, cantamos, nos alimentando com frutas, água de coco e sucos. Em um determinado momento, inesperadamente uma música me chegou e, sem pensar, comecei a cantar, promovendo a cura interior e coletiva na certeza de que não estamos sozinhos nesse universo. Outros lugares foram visitados, conhecimentos adquiridos, novos amigos e energias e assim, como não poderia ser diferente, voltei para casa refeita com muita gratidão por tudo vivido e compartilhado nas férias da minha vida!
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