Desde muito pequena dava trabalho. Gritava, batia e fazia pirraça frequentemente. Rasgava roupas se não as agradava, papéis importantes dos pais e até dinheiro se não recebia atenção quando queria. Quando crescer melhora. É só uma fase, diziam os parentes. Na escola, as amizades duravam pouco. Só até o primeiro chute ou soco bem dado. Não faça isso. você é uma mocinha, diziam os professores enquanto o material voava sem titubear pelas janelas ou escadas. Ela? Não estava nem aí. Era toda mergulho do qual não era possível sair vivo.
A família aguardou que a fase passasse, mas entre a adolescência e o desabrochar da flor da mocidade n coisa só piorou. Nos empregos era agressiva. levava coisas que não lhe pertenciam e em sempre convidada a sair por justa causa, acumulando carimbos na carteira de trabalho. A família agora achava que era sinal de personalidade forte, apesar de já quase ter matado o irmão afogado em um passeio. Desentendimento à toa.
Sugeriram terapia… ela quebrou o espelho do consultório com um soco ao ser contrariada. Apenas vinte e um anos! O que ocorreu para que esse vulcão de agressividade entrasse em erupção? Fora bem educada, frequentava cursos, aulas de dança. igreja aos domingos, ganhou todas as festas de aniversário e nada. Nada que justificasse viver entre o grito e o estrondo afastando todos a sua volta como fosse normal.
E era bonita. Se baixasse o tom. sua voz seria melódica. Se fizesse uso das palavras mágicas!” seria uma moça bem educada. Inteligente? Era também, mas se não estivesse a fim não aprendia e se retirava de qualquer lugar chutando a porta e quebrando coisas de valor sem nenhum problema.
Sugeriram consulta com o psiquiatra. Ela foi. Mas rasgou diante dele o dinheiro reservado para pagamento da consulta e a receita recebida. Remédio? Eu, heim. Ao sair e fechar a porta do consultório uma luz se acendeu e o médico teve uma epifania. Seus olhos reacenderam tranquilos. Tudo entendido! Tudo tão fácil. Ficou tão excitado com a descoberta que chegou a comentar com a secretária antes da entrada do próximo paciente: Ela é má mesmo. Não há nada e nem remédio que dê Jeito. Não se atribui loucura a quem é perverso. Uma pena! Nem ela e nem a família saberão do diagnóstico. Um cachorro levava um chute do outro lado da rua, quebrando o silêncio.
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