– Alô!.. E a Dona Fernanda?
– Sim, quem está falando?
– Num interessa, dona… Temo uma pessoa que quer te falar … Diz aí, mina!
Outra voz, totalmente desesperada, começa a falar. Na verdade, praticamente a gritar, entre soluços:
– Oi, mãe, me ajuda…
– Quem é?
– Sou eu, mãe, a Fátima! Eles me pegaram na saída do metrô…
– Minha filha, como é que você está?
– Estou amarrada, mãe, estão dizendo que vão me matar…
Outra voz, impostada assume o celular.
– É isso ai, dona, pegamo sua filha e tamo querendo vinte mil na conta que vamo te passa…
Em tempo, meu nome é Camila Feraz, mas meu codinome é Fernanda, trabalho para DEP, Departamento Especial da Policia. Estou à caça de meliantes que exploram suas vítimas fazendo chantagem com alegações de sequestros de entes da família. Segundo as investigações em andamento, ficou a minha disposição cinquenta de prováveis ligações desta série de procedimento, Como o Modus Operandi dos bandidos segue certa isonomia, foi dado aos cinco agentes envolvidos um computador com suas respectivas linhas, que tocavam no seu celular, onde quer que estivessem. Dei sorte e ligaram para o meu.
⁃ Eu imploro, não toquem na minha filha! – Chorei. Participei de grupos de teatro, quando jovem.
– Não se preocupe madame, desde que a senhora faça o que a gente tá pedindo…
Na verdade, não tenho filha… Por outra, tive uma filha mas, infelizmente, morreu em um acidente ao lado do meu esposo, há sete anos. Minha rede social foi totalmente montada, adicionaram outra agente, mais nova, como minha filha.
– Por favor, eu não tenho tanto dinheiro assim… – Lamentei!
– Não me venha com lorotas, é casada com um bancário… Dê seu jeito, ou matamos a vadia!
Ao fundo dava pra ouvir alguns gritos, de uma “possível” atriz, dizendo pra eu fazer o que eles pediam.
– Não!.. Por favor, não toquem nela!.. Vou ligar para o César e ver o que podemos fazer. Posso ligar de volta pra esse número?
– Tá brincando, madame?… A senhora tem cinco minutos e ligamos de volta!
Acionei a minha equipe e em cinco minutos liguei de volta, mas o número deu errado. Insisti, mas deu erro novamente! Acabei de concluir a segunda ligação e o telefone tocou, de outro número.
– Que é isso, madame? Não sabia que era pra deixar a linha livre?
– Perdoem-me, estava falando com o meu marido… Ele passou mal com a notícia… – Fui interrompida.
– Mãe, mãe, por favor… São três bandidos fortemente armados… Eu estou amarrada em um porão…
Som de duas “tapas”, aparentemente nas costas da mão, seguidas da voz do “chefe”.
– Cala a boca, vadia… Tu vai morrer se teus pais não cumprir o nosso acordo.
– Meu senhor, por favor, 0 meu marido é hipertenso… Ele passou mal lá no banco, chamaram a ambulância pra ele… O que eu posso fazer?
Um silencio cortado apenas por buchichos e resolvi gritar:
– Meu senhor, soltem minha filha… Estou em vias de perder o marido, não posso perder minha filha também!…
– Olhe aqui, sua vagabunda… Não quero nem saber… O que tu tem aí por casa, me diz ai pra gente acabar com isso? Dólar, euro, o dinheiro das despesa.. Não vou ficar nesse prejuízo!.
Eles sempre agem da mesma maneira escolhem números ALEATÓRIOS, e ligam como se fossem de alguma empresa para descobrir seus dados pessoais. As pessoas que se submetem a ganhar algum tipo de brinde são averiguadas em suas redes sociais e passam a corresponder a uma elite de vítimas.
– Tá bom, tá bom… Eu tenho aqui o dinheiro de dois aluguéis, duzentos euros e uns cinquenta dólares…
– A senhora tem algumas joias que eu tô sabendo! Fala ai! – Barulho de uma tapa seguido de grito e choro. Deviam estar se divertindo, fumando ou cheirando alguma droga.
– Ah, sim, sim, tenho sim… Uns colares e anéis que herdei da minha mãe… Por favor, pare de bater na minha filha, estou fazendo tudo pra ajudar…
– Só por que a senhora falou, vou dar um murro na cara dessa vadia!
Silêncio! E depois, muito barulho, com vozes de “polícia, é a polícia!. Todo mundo quieto e de mãos pra cima”. Ouvi tiros!
Moral da história: Dois bandidos feridos, no total de cinco bandidos presos, incluindo minha filha.
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