Ambos moravam em Varginha, uma cidade pacata, situada ao sul do Estado de Minas Gerais. Varginha sempre teve a fama de ser uma cidade onde havia uma presença constante de extraterrestres e discos voadores.
Ele se chamava Rusevelt, numa tentativa de seus pais homenagear o presidente dos Estados Unidos da América durante as décadas de 30 e 40, Franklin Roosevelt. Ela chamava-se Elizabeth, da mesma forma que seus pais também quiseram fazer uma homenagem à rainha do Reino Unido.
Tanto Rusevelt como Elizabeth não se conformavam em terem nascido e terem que viver num país do Terceiro Mundo, como eles mesmos afirmavam. Conheceram-se durante um curso de inglês, ministrado por uma ONG da cidade, que ajudava pessoas de baixa renda a arranharem um inglês parco e quase ininteligível.
Com o desenrolar do namoro, acabaram se casando no Brasil, porém o sonho de ambos era ter um filho nascido nos Estados Unidos.
Através de conhecimentos com políticos da região e depois que fizeram um empréstimo para a realização da viagem, conseguiram os passaportes provisórios de seis meses. A ideia de ambos era uma estadia maior, mesmo que ilegal, mas camuflada, até o nascimento do filho, que dariam o nome de Washington, se fosse menino e Alabama, se fosse menina.
Por muita sorte Elizabeth, logo assim que chegou nos States, conseguiu um emprego de babá devido a sua enorme dedicação aos patrões, pois além de cuidar do bebê da patroa, ainda fazia comida e limpava todo o casarão, e tudo pelo mesmo salário que ganhava como babá. Por causa disso, ela acabou conseguindo uma ocupação para o marido, onde ele passou a cuidar do jardim daquela mansão.
Durante as últimas eleições americanas, eles compraram bandeirinhas e bonés de apoio ao candidato Republicano. Foram para as ruas ecoando o canto dos outros eleitores e vibraram quando o candidato que apoiaram venceu as eleições. A única tristeza é que Elizabeth não engravidava.
Assim que assumiu, o novo Presidente mandou deportar todos os indigentes. Todos eram por ele rejeitados e eles, que já estavam no país de forma ilegal, pois já havia expirado o tempo registrado no passaporte, tentaram se esconder no porão da residência dos patrões. Mas não teve jeito: foram pegos, acorrentados e mandados de volta ao Brasil, numa viagem hostil e turbulenta.
Quando chegaram por aqui, pegaram um outro voo até Varginha. Naquele momento eles se sentiram uns ETs e só queriam pegar um disco voador e sumir…