Era um vez um velho homem que morava sozinho numa pequena casa distante da cidade. Era uma pessoa taciturna, de olhar distante, de postura arqueada, que andava sempre apoiado num fino tronco de madeira, que ele fazia de bengala. Por morar longe da cidade, tinha poucos vizinhos e nenhum amigo. Cuidar de uma pequena plantação em seu quintal era um dos poucos prazeres que tinha na vida. Era um solitário por opção.
Mas no passado a vida tinha sido diferente. Era feliz. Morava numa bela casa no centro da cidade, tinha um bom emprego, uma esposa e uma filha que amava muito. Mas por esses infortúnios da vida a esposa partiu cedo por causa de uma doença rara e logo depois a filha adolescente foi morar em outra cidade com uma tia, para terminar os estudos. Durante algum tempo ela mandou notícias através de cartas, mas de repente ela pararam de chegar. Isso o entristeceu muito e a alegria deixou de fazer parte da sua vida. Abandonou tudo, partiu da cidade grande e foi morar distante e nunca mais teve notícias da filha.
Mas um belo dia o velho homem, que não tinha amigos, recebeu a visita de um forasteiro que trazia uma notícia importante. O homem que estava acostumando a não receber ninguém em seu portão, ficou ressabiado com aquele forasteiro bem vestido, de boa aparência e foi logo falando rudemente que ele se afastasse dali. Mas o forasteiro bem vestido calmamente pediu que ele o ouvisse:
– Fique tranquilo, meu senhor, trago notícias de sua querida filha que há muito tempo o senhor não vê. Fui contratado por ela para encontrar o senhor. Andei por muito lugares a sua procura até encontrar uma boa alma que me falou do seu paradeiro.
– Que notícias você quer me dar daquela ingrata que me abandonou ? – questionou o velho homem de maneira ríspida.
– Ele não lhe abandonou, meu senhor. Ela esteve muito doente e durante todo esse tempo ela enviou várias cartas para que o senhor a visitasse, mas foi em vão. O senhor nunca apareceu no hospital.
– Que absurdo! É verdade que no início eu recebia muitas cartas dela lá na cidade, mas de repente elas cessaram de chegar.
– Isso é verdade. Depois que ela se recuperou, descobriu que durante a sua internação a tia não postava as cartas que ela escrevia para o senhor.
O velho homem, mais tranquilo, pediu que o forasteiro entrasse em sua casa para continuar a conversa, acompanhado de um café quente. O forasteiro contou que ela descobriu que a tia não era aquela pessoa tão doce como ela imaginava e não postava as cartas na intenção de afastar a filha do velho homem. Depois disso, já formada, saiu da casa da tia. Hoje casada, tem um casal de crianças que desejam muito conhecer o avô.
Depois de ouvir emocionado todo relato feito pelo forasteiro, o velho homem recuperou a alegria de viver e partiu dali com o forasteiro ao encontro da filha, do genro e dos netos e voltar novamente a ser feliz.
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