Hoje é dia de aula de educação física na escola estadual. A turma já vai direto pra quadra esperar o professor. Marco Aurélio sempre vinha garotão, de roupa de academia, short ou algo que amenizasse a idade que já aparecia nos cabelos brancos e nos pés de galinha nos olhos.
– Ih ah lá o professor! O que é aquilo?
– O cardápio da cantina hoje é enroladinho de salsicha!
Marco Aurélio ousou no look e veio com uma camiseta regata e uma bermuda roxa de lycra que marcava o volume frontal, por assim dizer. O aluno pode ser a espécie mais cruel da humanidade.
Humilhado, o professor foi procurar o inspetor. Ele disse que não poderia fazer nada, mas que ele procurasse a diretora. Marco Aurélio foi até a diretora reclamar dos alunos e do inspetor. Chegando na sala da diretora, ela disse que não era com ela. Que ele fizesse uma queixa formal à Secretaria de Educação. Marco pegou seu carro e foi até a Secretaria de Educação. Lá foi atendido pelo secretário. Por sua vez, ele não pode fazer nada e sugeriu que fosse até Brasília, reclamar no Ministério da Educação.
Muito contrariado, Marco Aurélio foi mesmo até Brasília, pra falar com o ministro. O ministro ouviu, ouviu e disse que só o presidente poderia resolver a questão. Marco estufou o peito, subiu a rampa e foi falar com o mandatário da nação. O presidente ficou bem irritado. Como um caso como aquele chegou até ele? Mas não teve como ele resolver. Coçou a cabeça, torceu o bico e disse que ele não poderia resolver. Que falasse com seu amigo, o diabo.
Brasília, tempo quente, seco… Não é possível! A entrada para o inferno não poderia estar muito longe dali. Marco Aurélio tomou coragem e foi lá falar com o diabo. E o diabo não se fez de rogado. Disse que bullying, naquele nível, era inaceitável. Disse que Marco poderia voltar pra casa sossegado que o problema estava resolvido.
E estava mesmo. Assim que o professor voltou a dar aula, soube que um a um dos alunos foi saindo da escola. Um foi atropelado, outro estava internado no hospital com pneumonia grave, outro sumiu de casa… Todo o ódio que estava no coração do Marco Aurélio fez estrago naqueles jovens inconsequentes.
Se sentindo vingado, Marco Aurélio se arrumou pra próxima aula de educação física. Separou sua roupa, ajeitou cuidadosamente no short uma banana, envolvida em durex, que ocupava o espaço deixado pelo seu micro pênis, do qual tinha imensa vergonha em assumir. Dessa vez foi mais humilde. Ao invés da banana da terra usou uma banana prata e um short um pouco mais folgado.
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