Dulce, professora de História em um pequeno vilarejo, perguntou em sala de aula:
– O que é consciência negra?
– Ah! professora, meu avô conta que um dia, navios negreiros atracaram, trazendo pessoas doentes, maltratadas, transportadas como coisas e não seres humanos, empilhados, deitados uns sobre os outros, “orina ñanderehe Tupi gente”, (tradução fazer as necessidades uns em cima dos outros).
Tucumã disse não ter vivido nessa época, mas segundo os seus ancestrais, foi horrível. Homens e mulheres amordaçados, amarrados pior que animais, assustados, alguns doentes, sofridos, sequestrados de suas famílias, tratados como seres desalmados. Cristina interrompe dizendo:
– Minha família conta que depois que tudo aconteceu, foram libertos e, sem casa, largados ao relento.
A professora Dulce perguntou:
– Aconteceu o quê?
– Ué, professora, a escravidão, tronco, fugas, roda de capoeira, jongo, abolição da escravatura… essas conversas chatas de preto.
O Nego João, que sempre cuidou das crianças com rezas e garrafadas, ensinando sobre costumes e espiritualidade africana, se levantou irritado e exclamando:
– O que sabe de conversas de preto. menina racista!?
Sofia respondeu:
– Olha aqui. eu não sou racista. Só acho desnecessário essas comemorações. É mais um feriado no “país dos feriados” – Disse deixando a discussão bem acalorada.
A professora Dulce, após ouvir os comentários atentamente, iniciou a explicação:
– Segundo a Fundação Cultural Palmares, instituição pública brasileira vinculada ao Ministério da Cultura, o Dia da Consciência Negra é fundamental para “refletir sobre a contribuição da cultura em nossa sociedade”, por simbolizar o entendimento sobre o valor da sua cultura e a importância de serem reconhecidos como indivíduos que possuem direitos, como qualquer outro. Dessa forma, a busca pela justiça e igualdade se tornou uma luta mais que necessária para essas pessoas”. Não é uma comemoração qualquer.
A data conhecida como Dia da Consciência Negra faz parte do calendário escolar desde 2003, quando a Lei Federal 10.639 instituiu o ensino de história e cultura afro-brasileira nas escolas. Mas foi só em dez de novembro de 2011, que o governo oficializou a data como Dia Nacional de Zumbi e Dia da Consciência Negra pela lei 12.519, como explica o site do Ministério da Cultura do Brasil.
A lei, no entanto, não considerou o dia como feriado nacional, valendo apenas em cidades e estados que aderiram sem a interferência do governo federal, como é o caso do Rio de Janeiro, São Paulo, Amazonas, entre outros. É preciso compreender sobre nossa Herança Africana e o quanto a Diáspora Negra contribuiu e continua contribuindo para a diversidade cultural e espiritual brasileira.
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