Desde pequeno, Osvaldo era curioso. Ávido por descobrir, conhecer e experimentar o mundo. Ainda bem novo, quis aprender violão. No curso, de tão empolgado, em pouquíssimo tempo, além do tradicional “Parabéns pra você” já tocava várias músicas de Cássia Eller, do Cazuza e da Legião Urbana. O professor, impressionado e orgulhoso pelo seu precoce desempenho, citava Oswaldo como referência para motivar os novos alunos. Oswaldo estava tão feliz que até pensava em formar a sua própria banda. Porém numa manhã, quando o menino afinava o violão, ouviu uma estranha voz: “- Admiro sua vontade, Osvaldo, mas seu esforço não vai dar em nada!” “– Já viu como anda a vida dos músicos no Brasil? Estão quase pedindo esmolas”!”-Nossa Orquestra Sinfônica Brasileira parou! Não ensaia mais por falta de verba!”. –“Ah! Para você então vai ser ainda mais difícil! Se pelo menos tivesse uma bela voz e soubesse cantar…”. Depois do que ouvira, inexplicavelmente Osvaldo se desinteressou pela música. Passou a faltar às aulas, saiu do curso e até vendeu o violão.
Após concluir o ensino médio, Oswaldo conseguiu o primeiro lugar no vestibular para Pedagogia. Queria ser um grande mestre, formar alunos, preparar jovens para a vida. Estava indo bem. Obtinha as melhores notas. Concluíra o segundo período, porém precisando fazer horas extras no trabalho, passou a chegar atrasado à faculdade perdendo matérias importantes, mas ainda assim não pretendia desistir, quando ouviu aquela vozinha novamente… “-Tá Louco? Veja como anda cansado! Tanto sacrifício pra quê??? Melhor trancar a matrícula!” “-Até agora não quis dizer nada para não lhe desestimular, mas você acha que vai vencer na vida mesmo sendo professor?”. “Pense melhor! No ano que vem quem sabe você volta?”
Osvaldo encontrou Marlene. Foi amor à primeira vista, quando a conheceu na rodoviária ali nervosa pedindo informação sobre o horário dos ônibus para Friburgo. Começaram a namorar ainda que residindo bem distantes um do outro, ele na Baixada Fluminense, ela em Friburgo. Ele mais velho. Ela bem mais nova que ele. Viam-se raramente, mas estavam perdidamente apaixonados e dispostos a manter aquele namoro por telefonemas e pelas redes sociais até um dia poderem se casar. Tudo ia bem até quando… “-Não querendo me meter, mas você parece louco”! É claro que não vai dar certo! Vocês quase nunca se encontram! Pense melhor, Osvaldo! Ela é bem mais nova que você! Vai acabar lhe traindo! Acho que a essa altura não quer ganhar um “capacete de Viking”, não é? E assim fora todo tempo ao longo de sua vida.
Osvaldo abdicou de cursos, de sonhos, de empregos, de amores e profissões. Sempre havia aquela maldita vozinha minando seus pensamentos, influenciando-o a desistir até de suas mais simples escolhas. Um dia, por acaso, Osvaldo leu um interessante artigo na internet de uma conceituada psicanalista inglesa chamada Melaine Kleim sobre “homenzinhos” que aprisionam nossas mentes provocando sentimentos de inveja de nós mesmos, fazendo-nos sabotar nossos próprios planos de prosperidade. – Ah!… Então era aquele maldito homenzinho invejoso que me roubara todas as minhas chances de felicidade? Osvaldo extremamente transtornado tomou “uma estranha decisão”. Pegando um elevador, chegou ao terraço do mais alto edifício da cidade: “- Ei, Osvaldo tenha juízo! olha lá o que vai fazer conosco hein! – A felicidade existe, rapaz! – Você é um grande músico! – Ainda é jovem, “cara”!!- Reconsidere! Sei que é talentoso e a vida lhe reserva grandes oportunidades de sucesso !! –Por Deus, pare, Osvaldinho! Você está chegando muito próximo da beirada! Eu fico tonto…não quero morrer! Vai acabar matando nós dois!! Osvaldo respira fundo. Não havia outro jeito. Enfim era preciso. Aquele maldito homenzinho nunca mais iria poder dominá-lo… Aaaaiii! Socooroo, Osvaldinhooo!!!
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