Ele era um homem simples, que vivia na Galileia, no tempo de Jesus. Tinha um sonho: ser um dos apóstolos do Messias. Admirava a fé, a coragem e a sabedoria dos doze escolhidos, e queria fazer parte daquele grupo. Até que um dia, enquanto consertava a cerca de casa, passou um grupo que todos apontaram como sendo Jesus e seu apóstolos. O rapaz resolveu se aproximar. Dirigiu-se a Pedro, líder entre os apóstolos e perguntou:
– Tranquilidade, doutor? Posso me juntar ao time?
– Quem sois, meu jovem rapaz? Por um acaso se refere a ser um dos apóstolos?
– Eu sou o Rodolfo. Minha mãe desde pequeno me diz “Você tem cara de apóstolo!” Queria saber se posso ser um dos treze apóstolos.
– Rodolfo!? Tu não tens o nome de um servo de Deus, mas de um pagão romano. E são só doze apóstolos, assim como as doze tribos de Judá!
– Opa, opa, opa! Se olhar a História direitinho vai ver que já foram treze tribos. Até catorze. E Rodolfo não é romano, é da…
Nesse momento Judas Iscariotes o interrompe e o leva para longe do grupo.
– Meu bom rapaz. Noto que tens boas intenções, mas não chegará ao coração do filho do homem através de Pedro. Ele é um pouco rígido, desconfiado. Posso te ajudar a comprar um presente para Jesus. Assim ele se sentirá na obrigação de te retribuir e poderá te conhecer melhor. Se me der trinta moedas de prata…
– Que isso, campeão! Trinta moedas de prata? Dá pra comprar uma carroça coberta pra fugir desse sol todo. Aí não. Mais tarde a gente se fala.
Rodolfo se afastou de Judas, pois viu que o caminho ali tinha um pedágio alto. Se aproximou de Tomé, mas esse era desconfiado que só. Perguntava se era muçulmano, se tinha ascendência oriental. Decidiu seguir o grupo, se destacar pelo próprio talento. Tentou dar esmola aos pobres, mas era tão pobre como eles e ruim de matemática. Acabava pedindo esmola no final do dia. Tentou curar os doentes, mas acabava piorando a enfermidade e saia corrido das aldeias. Tentava expulsar o diabo das pessoas, mas como não passava autoridade, acabava sendo expulso também.
Jesus se compadeceu das tentativas atrapalhadas de Rodolfo, rompeu o protocolo e foi falar com o rapaz:
– O que te aflige, Rodolfo?
– Queria ser um dos apóstolos, mas acho que não tenho talento.
– Se tens em seu coração que me seguir e fazer o bem é a sua missão, já é meu apóstolo então.
Foi então que Rodolfo relaxou e tentou fazer as coisas de forma menos estabanada. Falava que já era um dos apóstolos, mas os outros não davam bola. Já na Santa Ceia, corria a boca miúda que Jesus o considerava um dos apóstolos, mas muitos achavam que o número treze trazia má sorte e já queriam decidir quem sairia para a entrada de um novo apóstolo. Por via das dúvidas, distraíram Rodolfo na hora da foto e ele sentou na ponta da mesa, já fora do quadro. Ele também se distraiu no Getsêmani e quando se deu conta, Jesus já estava preso e indo para a crucificação. Na Via Crucis foi uma confusão só e Rodolfo só tomou cuidado pra não ser preso também. Acompanhou todo o caminho até a crucificação, mas em seu coração rezava baixinho para que Deus tirasse Jesus dali.
Ele o acompanhou até a cruz e até o sepulcro. Ele o viu ressuscitar e subir aos céus. Ele recebeu o Espírito Santo, e pregou o evangelho. Os outros apóstolos prometeram incluir Rodolfo em seus escritos, mas por trás zombaram dele, não o incluíram em suas reuniões, mas ainda assim Rodolfo os incluiu em suas orações e os perdoou de coração.
Após a velhice, rara naqueles tempos na Galileia, chegou o dia de Rodolfo partir e encontrar Jesus no céu. O encontro foi feliz e festivo. Jesus o abraçou e disse:
– Bem-vindo, Rodolfo, pois tu és meu. Tu és o meu décimo terceiro apóstolo, o que ninguém conhece, mas que eu amo. Tu és meu Rodolfo, o que tem um nome engraçado, mas que tem um coração nobre. Tu foste fiel, humilde e generoso. Tu pregaste a minha palavra, curaste os meus filhos, sofreste por minha causa. Tu perdoaste os teus irmãos, oraste pelos teus inimigos, amaste os teus amigos. Tu fizeste a minha vontade, e agora receberás a tua recompensa.
– O Botafogo vai ser campeão?
– Rodolfo, quem pode lhe dizer isso é aquele ali.
– São Nunca! É você?
Muito bom. Gostei demais
Gostei muito desse texto. Só não gostei de deixar nas mãos de São Nunca o futuro do meu Botafogo. 😅😅😅