suíte motel medieval

Na boca do povo

Emerson e Marina estavam casados há quinze anos. Tinham dois filhos. Ele era bombeiro e ela dona de casa. Iam sempre à igreja aos domingos. E eram considerados por todos, amigos e familiares, uma família exemplar. Emerson era alto, musculoso e os olhos azuis eram uma visão do infinito. Quantas mulheres tentaram, sem sucesso, se afogar naquele mar azul? Mas o coração e o corpo dele pertenciam à  Marina. E ela, fingia não perceber os olhares e suspiros masculinos por onde passava.

Eis que um dia, numa manhã de segunda, o Corpo de Bombeiros recebe uma chamada. Incêndio no Motel Medieval, na Dutra. A fumaça  havia se espalhado rapidamente, assustando clientes e funcionários. Não era tão grave como aparentava no início. O movimento do motel estava fraco naquele dia, última segunda do mês. Poucos quartos ocupados. De repente, um homem usando apenas cueca, apavorado, pedindo ajuda. A companheira estava presa na cama, algemada. Nervoso, ele não conseguira encontrar a chave.

Emerson e mais dois bombeiros foram ajudar. Ao abrir a porta do quarto, a surpresa. Era Marisa, sua mulher, que estava nua na suíte Premium. Os olhos se encontraram. Assim como a vergonha, o medo, a raiva e a decepção. Emerson não conseguiu esboçar uma reação,  ficou em choque. Os amigos que conheciam o casal afastaram o amigo, encontraram a chave e libertaram Marina que, envergonhada, se enrolou na toalha e pegou as roupas no sofá.

A partir daquele dia, Emerson foi morar com o irmão no centro de Nova Iguaçu. Os colegas de trabalho tentaram animar o amigo, em vão. A notícia não se espalhou, pois os amigos de Emerson fizeram um pacto e o assunto morreu no quartel.

O que eles não sabiam era que uma das camareiras do hotel era vizinha do casal. Ela só acreditou porque viu com os próprios olhos. Ficou revoltada: “Como assim colocar um par de chifres no Emerson?” Falou com o marido que, pinguim como ele só,  depois de duas doses de cachaça, repassou a notícia pra geral no Bar do Rubens. Os cachaceiros de plantão espalharam a história. O fato é que, a fama de corno de Emerson se espalhou pelo bairro.

Recentemente, Emerson pediu orientação no consultório do Doutor Rôla sobre o que fazer. Confessou que a mangueira do bombeiro não funciona bem faz tempo. Ele ama a mulher e quer voltar. Renuncia ao amor ou assume o chifre, eis a questão. Ele espera ansioso por uma resposta.