loira do banheiro

Kettelyn Cristiny

Dizem que foi no fim de junho o primeiro dia de Kattelyn Cristiny na escola estadual localizada na Baixada Fluminense. Mudava constantemente de escola. Havia sido convidada a se retirar de duas escolas particulares naquele mesmo ano. Estourar uma cabeça de nego no laboratório de química foi a gota d’água para os pais da jovem que decidiram fazer sua matrícula em uma escola pública depois de escutar alguns amigos.

Na escola, Kettelyn era um enigma para todos. Ora calada, ora falante, cativava os colegas da turma com suas histórias de viagens, muitas vezes inventadas. Era uma líder nata, mas como dizem por aí, não queria nada com a hora do Brasil.

Então, numa sexta-feira treze, Kettelyn estava no banheiro feminino, arquitetando o que iria aprontar com a professora Josefina de História. Sabia que ela tinha pavor de barata. Sorriu maliciosamente com a ideia que passou em sua mente, enquanto retocava o batom, a luz acabou, deixando o banheiro às escuras. De repente, escutou um barulho vindo do banheiro atrás de si. Mas sabia que estava sozinha. Virou-se para a porta e quando voltou a olhar o espelho, levou um susto: através do espelho enxergou um vulto atrás de si que foi tomando forma. Uma mulher loura, pele pálida, aparentando ter quarenta anos. Vestia uma túnica branca e a encarava. Seus olhos castanhos revelavam descontentamento e repulsa. Kettelyn não conseguia se mexer. Parecia que uma força sobrenatural a impedia de se mover.

Com os olhos arregalados de pavor, observava a mulher que movimentava a cabeça negativamente. Subitamente, uma palavra começou a ser escrita no espelho como se houvesse um batom vermelho invisível. Com o coração quase saindo pela boca encarou a palavra escrita. PARE. Então, a imagem da mulher desapareceu e a jovem finalmente conseguiu se mexer, correndo desesperadamente para o corredor.

A história se espalhou pela escola. Ninguém queria ir ao banheiro sozinho e correr o risco de encontra a loura do banheiro. Seria um fantasma, uma alma penada que atormentava os alunos? Um ser alienígena? Uns dizem que seria o espírito de um a professora que morreu sem conseguir se aposentar e vivia vagando por entre as escolas.

E quanto a Kettelyn Cristiny? Foi transferida para outra escola. Uns dizem que se tornou uma aluna exemplar, outros que desapareceu meses depois sem deixar rastro. Foi isso o que me contaram. O resto eu não sei.