Há cinco anos trabalha sem férias . Não tem descanso. A não ser no dia 25 de dezembro, até porque ninguém é de ferro e precisa de um dia de “férias” em uma vida tão monótona. Como todo mortal, na madrugada, aproveita a data para se confraternizar com a família e rever parentes distantes. Mas aos primeiros raios de sol costuma sair logo cedo de casa para encontrar os amigos, beber uma cerveja bem gelada e colocar o papo em dia. Mas naquele dia decide, antes de sair, visitar o seu quintal, que no corre-corre da vida há muito tempo não fazia. Da porta da cozinha deslumbra o seu quintal com enormes abacateiros, mangueiras e diversas outras pequenas árvores que ajudou a plantar, mas que não viu crescer. Fica muito impressionado com a quantidade de frutas espalhadas pelo chão. Mas, de repente, leva um susto danado ao ver um grande coqueiro florido no fundo do quintal. Curioso com a sua descoberta, perguntou à mãe, que estava ali perto preparando o café da manhã:
– Mãe, que pé de coco é esse aqui no quintal que eu nunca tinha visto?
– Deixa de ser besta, menino! Esse coqueiro tem mais de vinte anos que sua avó plantou aí.
Foi então que a partir daquele dia, toda vez que alguém lhe perguntava sobre detalhes da vida de algum vizinho, ele ponderava e respondia:
– Meu amigo, eu não conheço nem mesmo o meu quintal, como vou, então, conhecer o quintal dos outros?