Finalmente estava cara a cara com ela. E que visão maravilhosa!
Foram dias observando a beleza única daquela mulher sensual, corpo escultural, com lábios carnudos e olhos de jabuticaba, e uma presença notável onde quer que chegasse.
Ele sabia que ela já tinha percebido o interesse dele, afinal, ele já tinha olhado para ela, acenado e lhe dado seus melhores sorrisos (e tinha que ser assim, depois de quase ter vendido um rim para pagar o tratamento dentário digno de estrelas à que tinha se submetido. Nem pipoca comia com medo de quebrar alguma joia de sua arcada dentária!)
A festa em que estava foi planejada para angariar fundos para o orfanato da cidade, que embora pequena, tinha mais órfãos do que se podia imaginar, e ele, como bom cidadão, estava ali para colaborar. Ela, sua musa, também participava ativamente das arrecadações, sendo responsável por boa parte das demais participações, devido a seu carisma e seu empenho em trazer ilustres para as esperadas festas beneficentes.
Ele já tinha stalkeado suas redes sociais, sabia quase tudo sobre ela, já que ela não tinha receio em expor sua vida. As fotos e vídeos postados mostravam sua dedicação aos familiares, amigos e quem se aproximavam dela, e, claro, ele registrou isso no coração e estava confiante que ele também seria o mais novo futuro amigo que ela abraçaria com todo carinho!
Esperou um grupo se afastar e se aproximou dela, era agora ou nunca!
Chegou pertinho e lhe entregou o buquê de flores (escolhidas à dedo) e seu caríssimo sorriso… Ela sorriu de volta… ahhh ele quase infartou (devia ter tomado um tarja preta antes? O coração estava à mil batimentos por segundo!)
– Oi, tudo bem? – Foi nesse minuto que ele foi chamado, insistentemente, ao palco para começar o show, pois sua famosa banda era a atração principal daquela noite!
Beijou sua mão, fez um aceno e partiu em direção ao palco. Voltou e olhou nos olhos dela e disse:
– Essa música que vou cantar agora é pra você!
No palco, já mais que ovacionado, cantou lindamente:
Quando não tinha nada, eu quis
Quando tudo era ausência, esperei
Quanto tive frio, tremi
Quando tive coragem, cantei (Perdoe-me, Chico César)
… Quando me chamou, eu vim
Quando dei por mim, tava aqui
Quando lhe achei, me perdi
Quando vi você, me apaixonei.