Dizem que os seres que mais sofrem por causa de outros seres são os que mais sabem amar, porque conhecem a dor , o abandono, a fome e a falta de um teto. Pois foi nessas condições que Pancrácio foi encontrado, e pior, com um olho furado!
É, o gatinho tigrado estava num lixão perto da casa da minha amiga Daiha, e foi graças à sobrinha dela (que o viu primeiro) e da Daiha que ele veio morar conosco temporariamente (ai que mentira!).
A sobrinha de Daiha viu quando o cachorro o mordeu e furou seu olho, e imediatamente o resgatou e levou para sua tia, que não pôde ignorar o apelo choroso e desesperado da menina por causa do estado do gatinho e o levou ao veterinário, e este tratou do bichano e passou a medicação para o olho ficar bem.
Daiha o levou para casa e começaram os problemas, porque para o gatinho foi como ganhar na loteria, mas Daiha tinha uma gata, a Carminha, que ficou muito brava e nos primeiros dias de convivência já mostrou que não estava satisfeita com a situação. Afinal, depois de anos sendo a dona da casa, como é que iam trazer outro morador peludo para morar com ela? Perguntaram a opinião dela? Ela deixou? Ela queria? Não!
Pois Carminha, muito revoltada, foi morar na varanda e se recusava à falar com sua família. E foi além: quando Daiha insistiu, ela cravou a unha na perna dela e decretou a sentença:
– Mande ele embora ou você vai sofrer as consequências!
Quando minha amiga ligou, eu recusei, afinal eu já tinha duas gatas, dez cães e duas filhas! Não podia!
Só que Daiha mandou as fotos do Tigrinho… Aiii, foi amor à primeira listrinha! Quando ele chegou, foi combinado que era lar temporário, mas assim que o batizamos com o nome de Pancrácio (em homenagem ao personagem do ator Marcos Nanini numa novela, onde ele era o Professor Pancrácio) e que o apresentamos à família, um amor tão grande nasceu que ele é nosso amor até hoje.
Demorou umas duas semanas até a família toda aceita-lo, mas eles aceitaram, pois todo dia nós o apresentávamos para a família e assim a harmonia se estabeleceu!
A família cresceu depois dele, e também diminui, pois tinha gente idosa no meio.
Pandora (a gata preta que veio de Austin) e Zulema (a gata malhada e peluda que veio de um banheiro onde ficou acorrentada por cinco anos, desde ser resgatada numa noite chuvosa, até que soubemos e ela nos foi doada) chegaram para aumentar nossa alegria, mas também foram embora para o céu os doguinhos Billy, Mutlley e Pudorico, e as gatas Nina Simone e Marcelina. O Beto foi adotado pela Lidinha, que se apaixonou por ele e ele por ela. Hoje o Beto é o rei da casa dela.
Hoje moram conosco os cães Ziva, Xuxeta, Nescau, César Café, Zeca, Mel e Lua (temporariamente, tá?!?!). Além dos gatos Pandora, Zulema e Pancrácio, que foi quem originou esse conto.
Ele hoje é um gato enorme, de um olho só, que ama duas gatas (rola ciúmes) e ama bagunçar minha bancada de Natal (que eu resolvi deixar armada o ano todo para que os sentimentos natalinos sejam relembrados diariamente). Ele também ama quando bebo iogurte, assim como ama deitar ao meu lado quando estou lendo, e entrar dentro de qualquer armário que eu abra, se esconde e depois fica miando quando eu não o vejo e fecho o armário. Ele ama conversar e ama jogar as coisas que ele não gosta no chão. Mas tá tudo bem, o amor supera.
Pancrácio é tão amoroso e fofo que, se fico triste por alguma razão, ele é o primeiro a ficar pertinho de mim.
Para protegê-lo nós o castramos ainda novo, então não teremos Pancrácinhos vindos dele pela casa, mas a casa nunca vai ficar vazia quando eles se forem, porque há muitos gatos e cães abandonados e que precisam de um lar.
E se cada pessoa tiver um espacinho no coração e no seu lar, um dia não teremos mais histórias tristes como a do Pancrácio e da Zulema.
Todos os seres merecem amor, cuidado, carinho, um lar e uma vida feliz!
Deixa o amor invadir seu coração, adote um amor de quatro patas e seja mais feliz!
Que lindo!
Que coisa linda. Você escreve muito sua Maravilhosa.