Marisa olha pela câmera de segurança, agoniada. Felipe se exibindo para as alunas. Ele puxa a Laís pela cintura com uma força, uma energia, mas, ao mesmo tempo, tão suave que a moça chega dobrar o suspiro. Também havia Leila… Outro dia ele dançou a metade da música achafundado nos cabelos dela. Marisa suspira, desliga o aparelho… Ela não sabia qual delas! Mas, de uma coisa ela não tinha dúvidas, Felipe a estava traindo. A confirmação veio ontem à noite, com as compras dos perfumes. À princípio ficou feliz! Era o seu favorito! Mas quando foi
fazer a sua habitual vistoria na mochila do marido, enquanto o próprio tomava banho, descobriu outro embrulho da mesma cor, loja e modelo… Até a dedicatória era a mesma: “Para o meu amorzinho!”. Consultando o extrato bancário, cartão de credito, nem foi preciso se valer do sexto sentido feminino para concluir que se tratava de serem duas as felizardas: ela e a vagabunda que ele arrumara!
Marisa e Felipe estavam casados há 20 anos! Ela professora de universidade pública. Ele seu aluno! Ela, na época com 39 anos de idade; ele com 23, uma diferença, que até então não incomodava nem ela, nem ele…
Por um egoísmo natural optaram por não terem filhos. Trabalharam bastante… Hoje possuíam uma grande academia em um shopping da Cidade. Marisa ministrava aulas de pilates e de muay thai; já Felipe trabalhava apenas à noite ministrando dança de salão; À princípio Marisa não viu nada demais… “Só a terceira idade faz dança de salão”, pensou. Mas quando o Felipe colocou um “post” seu torso sarado, sem camisa na entrada do shopping e nas suas redes sociais, Marisa viu a mulherada debandar em massa das aulas de zumba e para as de dança de salão. Foi ai, então que percebeu os 16 anos de diferença que havia entre eles.
Suelen, que observava a patroa, diz carinhosa:
– A Senhora não quer ir descansar, dona Marisa? Já são quase 20h!
Marisa olha a mocinha de rosto angelical, uns 25 anos, no máximo, ela calcula, depois sorrindo diz:
– Sim, querida! Já vou! Ela olha menina com simpatia e pensa “Bem que a Suelen poderia me ajudar nesta investigação”. Mas depois dá de mão e sai.
Já no volante ela suspira! Logo, logo saberia qual das “cadelas” estaria “trepando” com o seu marido. Isso por que na madrugada passada durante o sono pesado do adúltero, ela injetou no frasco de perfume da outra, uma substancia química que libera histamina nos vasos sanguíneos, provocando erupção na pele, inchaço, calombos, vermelhidão, febre, íngua, infecções das glândulas e manchas permanentes na pele.
No outro dia, já cedo, Marisa estava lá, com a lista de presença nas mãos. De cara, descartou Laura, foi a primeira que chegou. Depois Luana, Bia, Tais…
A proporção que o salão ia ficando cheio, ela ia ficando desesperada; consultara a lista mais de 10 vezes, não faltava ninguém! Nenhuma filha da p… daquelas.
Foi quando seu celular tocou, era uma chamada de vídeo da Suelen. Marisa não acreditava no que via! A infeliz com o rosto deformado, um olho fechado e o outro aberto… A boca torta, o nariz sumiu entre as duas maçãs do rosto, que mais pareciam melancias, de tão inchadas. Com a voz fanha e fraca entrecortada por soluços ela diz:
– Dona Marisa, desculpe, mas não vai dar para eu ir trabalhar hoje! Acho que alguma virose me acometeu… Estou toda vermelha, inchada e dolorida!
Marisa não se contém, e dá uma sonora gargalhada! Printou a imagem e imprimiu com a seguinte frase “Marido alheio causa efeitos colaterais”.
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