– Mãe, aquela moça que mora na esquina perguntou se eu era filha do leiteiro!
– Mãe, a mãe da minha amiga perguntou porque eu sou diferente de vocês!
– Mãe, você é minha mãe ou eu sou adotada?
– Mãe, pardo é cor? Bem, a onça é parda, então tá bom!
Os anos passaram e um dia, caminhando com as minhas filhas, me perguntaram se elas eram minhas netas e, explicada a maternidade, disseram então que elas tinham puxado ao pai, pois eram branquinhas. A partir daí comecei a pensar que não me enquadrava nem como branca e nem como preta.
Dentro dessa minha mistura (e de milhares de brasileiros) tem um branco que laçou uma índia e que gerou a minha avó materna, que casou com um pernambucano e aí geraram a minha mãe. e tem um avô paterno, filho de pretos que foram escravizados e trazidos para o Brasil, que casou com uma italiana e que gerou meu pai! E desse encontro do meu pai com a minha mãe eu nasci… Esse avô paterno que teve um centro de umbanda, criava cobras, jacarés e outros tantos bichos. Vivia sua origem africana e lamentavelmente eu não o conheci
Eu só fui dar a devida importância e ter mais consciência da minha herança africana quando entrei num grupo que toca e canta músicas que remetem ao sagrado de religião de matriz africana. Na primeira tocada que participei eu precisei evocar a lembrança do meu pai e da minha raiz para me apropriar do que considero um reassentamento da cultura afrodescendente em minha vida.
Os abusos que homens e mulheres pretos ainda sofrem diariamente nos fazem ter consciência da luta que ainda há pela frente, pela igualdade que deveria ser igual para todos, me faz entender-me preta, não retinta, mas preta, brasileira, com muito orgulho.
Segundo o IBGE*, o pardo é um dos cinco grupos de cores étnicas que compõem a população brasileira, juntamente com os brancos, pretos, amarelos e indígenas. O termo preto toma como referência a ascendência oriunda de nativos da África. Independentemente de seu território ou construção social, pelo fenótipo manifestado por sua pele de cor escura.
Pardo é uma pessoa com diferentes ascendências étnicas e que são baseadas numa mistura de cores de peles entre brancos, negros e indígenas.
*Fonte: www.portal.unit.br
Deixe uma resposta