Abriu os olhos.
Num primeiro momento, só viu um borrão. Quando a visão enquadrou, viu a cor branco gelo no teto. Olhou pra um lado e viu gente dormindo no chão, pro outro lado, idem. Sentou no colchonete e descobriu como uma gelatina deveria se sentir sendo martelada sem parar… essa era a sua cabeça. O enjoo dava o braço à dor. Mas nada daquilo importava… a pergunta que não queria calar era: “Pelamordedeus, como tinha ido parar ali??
Tentou lembrar da noite passada, no início era só fumaça. Nada vinha a mente. Levantou. Pra piorar, estava de camisola. Puts! Como tinha tirado a porcaria da roupa e colocado aquilo? Ou quem tirou e a colocou?
Tentou se recompor e foi pra cozinha. Logo no “bom dia” percebeu o olhar enviesado da dona da casa e o sorrisinho escondido do restante que já tava acordado.
Virou pra amiga na mesa que já lhe oferecia um café infernalmente quente, forte e mais amargo que chá de carqueja. Perguntou baixinho: “Como fui parar no quarto com as meninas?” A amiga arregalou os olhos igual personagem de desenho animado e falou: “Tu não lembra?” Segundos depois, dardejou: “Tu não se lembra do que fez ontem à noite?”
Pelo tom, a garota pensou se queria saber ou não. Ficou quieta, espremendo a memória. Enquanto se esforçava a beber aquela lama fumegante, tentou colocar os pensamentos em ordem.
A primeira coisa que veio foi lembrar do engradado de cerveja que ela e o restante do povo da casa começaram a esvaziar. Ia ficar só na loira quando um amigo chegou com a Batida de coco do Zé. Poxa! Quem recusa a Batida do Zé no último dia do ano? Sabia que estava fazendo uma péssima escolha. Misturar fermentado com destilado faria seu fígado gritar. Ah! Que seja! É réveillon!
A garrafa esvaziou rapidinho, como se estivesse furada. Então, voltamos pra cervejinha. Alguns colegas já estavam apelando pra Coca-Cola. Achou que eles amarelaram bem rápido. Lá pelas 22h, outro amigo chega pra levar a galera pra ver os fogos na praia. Afinal, estávamos lá pra isso. Dentro do carro mostrou o vinho achampanhado que tinha ganhado. Não tinha copo, então foi no gargalo mesmo… e a partir daí, era só apagão, um grande buraco negro na vida da pessoa. Que merda!
O restante acorda e a bocuda explana: “Ela não lembra de nada, galera! Nem do sumiço”. Céus, que sumiço?? Sentia vontade de vomitar. Mas não era pela ressaca, mas pelos risinhos, olhares e a sensação de ter começando o ano fazendo escolhas erradas… de novo. Por mais que implorasse, ninguém abria o bico. Porra, deve ter sido o vacilo do século!
Até porque não soube o que dizer quando o melhor amigo rompe casa a dentro com um buquê de flores e diz: “Ok! Minha resposta é sim”.
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