Ah, a Waleska! Aquela que era mulher de verdade!
Conheci Waleska numa palestra no trabalho. Tímida, recatada, de boa família e me agradou aos olhos. Sabia que aquela era pra casar!
Boa dona de casa, boa mãe. Claro que largou o trabalho quando virou minha senhora! O sexo era razoável, porque para a de casa tem que se guardar certos pudores. Cuida dos meninos, da casa e de mim como ninguém! Não me lembro de ter saído amassado para o trabalho nenhuma vez! Apesar do olhar meio tristonho, nunca reclamou do futebol de domingo com os amigos e do churrasquinho subsequente… excelente esposa! A vida era boa!
Ah!… mas a Amélia! Aquela também era mulher de verdade! Melhor! Cachorra!
O primo a levou pro nosso happy hour das sextas-feiras há uns 3 anos. Assim que ela botou os olhos em mim, sabia que estava perdido! Sorriso debochado nos lábios pintados, unhas postiças pintadas e… gostosa!…Cumpriu fielmente na cama o que os olhos prometeram. Eu não ficava mais no churrasquinho de domingo para não perder nenhum minuto quentinho com ela….Ah! A vida era realmente boa!…
Mas Amélia começou a implicar com nossos encontros com hora marcada, dos cinemas perdidos, do barzinho desacompanhada. Por que continuar com a aguada se ela podia ser a aguardente? O que a esposa fazia, ela também poderia, oras! Menos cuidar dos meninos. Isso era tarefa da mãe.
Quando Amélia falava assim da Waleska isso me aborrecia. Ora, era a mãe dos meus filhos! E para falar a verdade, eu não acreditava que ela daria conta das tarefas do lar…não mesmo!
Falava sempre que iria pensar para ela ficar contente e voltarmos para nossas atividades que, ela cumpria, aliás, com despudorado desvelo!
Semana passada disse a ela que seria meu aniversário de casamento e que Waleska tinha proposto um jantar especial com os meninos. Ficou histérica! Um saco! Não era pra isso que eu estava ali! Não aguentava isso nem dentro de casa!
De repente, parou e disse estar sendo tola. Pediu perdão. Me puxou pelo colarinho com as unhas postiças azuis que eu tinha lhe dado e me presenteou com a melhor chave de coxas de nossa relação. Saí tão revigorado que não percebi Amélia com cara de resoluta…
No domingo, depois do futebol, cheguei em casa com uma rosa na mão e encontrei Waleska acabando de aprontar as crianças com roupas de sair. Ela mesma, banhada e cheirosa, com vestido de festa. Disse que jantar de 10 anos de casados, mesmo em casa, merecia pompa. O cheiro que vinha da cozinha era soberbo!
À mesa, nós quatro estávamos muito felizes. O olhar de Waleska, brilhante e amoroso, mais até que o normal, me enviava sinais de que a noite prometia. O jeito rebolativo quando voltou com a sobremesa nas mãos não deixava dúvidas!
Colocou João e José cedo para dormir. Entrou no banheiro e saiu com uma camisola que nunca vi, provocativa. E, pela primeira vez, tomou a iniciativa. Tive até que me policiar pra não trocar os nomes! Satisfeitíssimo, pensando como era um homem de sorte, adormeci.
A última coisa que me lembro antes de chegar aqui é da sensação de larva fervente jorrando no meu canal auditivo e diluindo parte do meu cérebro. Me vi desgrudando do meu corpo e uma chaleira fumegante em cima do criado-mudo sobre um papel de carta escrito com o esmero de uma letra feminina…
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