paraíso

Convidado não convida

Um jardim imenso e cheio de flores se entendia até onde a visão de Carlos Augusto alcançava. O som dos risos das pessoas no jardim ecoava como música aos seus ouvidos…  Aliás, que luz brilhante era aquela? E aquela gente toda? Olhou para o lado e viu seu amigo de infância, Theodore, o único que ele reconhecia no ambiente em que estava. Mais nenhum daqueles rostos lhe era familiar.  

Aliás, como ele e Theo tinham ido parar ali? Ele lembrava que estavam voltando da comemoração de aniversário da Amanda, irmã do Theo, e de repente eles estavam ali, naquele paraíso… será que foram aqueles whisky que ele bebeu? De repente viu um homem alto e sorridente vindo na direção deles. O homem chegou bem perto e olhando, sorriu e disse:
– Theodoro e Hugo, vejo que chegaram bem, embora estejam com caras de espantados. Eu sou Pedro e vim lhes dar as boas-vindas. 

Imediatamente, Carlos Augusto se manifestou:
– Eu sou Carlos Augusto, Hugo é meu irmão gêmeo, que estava conosco na festa, mas eu nem sei onde ele está. Aliás, Senhor Pedro, eu também não sei onde estamos.  

Pedro olhou com espanto para Carlos Augusto, virou para o lado e berrou:
Rafael, chegue aqui!

Quase que num passe de mágica, um jovem de cabelos cacheados estava ao lado deles. Pedro pergunta à ele o que aconteceu que o jovem Hugo não estava ali mas sim o seu irmão gêmeo. Rafael olha de novo para Carlos Augusto e se ajoelha diante de Pedro e pede desculpas veementemente.
– 
Aiii, São Pedro, eles são iguais! Eu vi quando o Hugo disse que ia embora com o Theodoro aí e me afastei um pouquinho só. Eu não tenho culpa se eles trocaram de lugar! Eu joguei o poste em cima deles e já os trouxe para cá. 

Pedro olha para Carlos Augusto e fala:
– Meu filho, você tem que voltar. Os convidado para a festa no Paraíso eram apenas Hugo e Theodoro. E como convidado não convida, você vai ter que voltar para a Terra. O convite era para seu irmão, você não tem predicados para estar aqui!!! Rafael, leve ele de volta.  

Há um clarão, vozes altas, Carlos Augusto abre os olhos e está num quarto de hospital. Seu irmão Hugo à sua frente, assim como seus pais. Ele ouve todos falando ao mesmo tempo e entende a palavra milagre sendo dita. Alguns flashs vem à mente, e ele lembra de alguém ter dito: Penetra no céu não entra.

Dois meses depois, em casa e recuperado, a vida de Carlos Augusto era outra: seu irmão Hugo havia sofrido um acidente e partido, um dia após sua saída do hospital. Todos estavam tristes, mas ele se mantinha calmo e sereno. Abandonou as festas e agora ia à missa todo domingo. Ele estava se preparando para a festa no céu, afinal, ele queria ser convidado e encontrar seu irmão e seu amigo.