Sebastião achava o nome danado de bonito. Quando o filho nasceu, pá! Coliformes Fecais da Silva. Quase cinquenta anos depois, professor Coliformes tentava trocar o nome no cartório. Se estivesse tentando trocar o gênero do nome seria mais fácil, disse o tabelião.
– Brigite, por exemplo. É um nome danado de bonito. A gente troca seu nome até na Receita. Em menos de uma semana, até o passaporte sai com o novo nome.
– Mas eu não quero Brigite! Quero um nome másculo. Tipo Carlos.
– Pra mudar pra Carlos leva entre seis meses a quatro anos. E a gente só muda a certidão de nascimento.
– Jonatan, Wagner, Alexandre, Ricardo, Jacó, Antônio, César, Nilton, Luiz…
– Tudo nome de macho. Seis meses a oito anos.
– E Klem?
– Parece nome de macho. Seis meses a quatro anos.
– Aldair, Altair, Ivani…
– Nomes de dois gêneros. Seis meses a quatro anos.
– E Ariel?
– Ariel também é um nome de dois gêneros. Tá querendo burlar o sistema, seu Coliformes?
– Ariel é nome de princesa da Disney.
– Ah! Então, tá. Vou ver o que posso fazer.
Uma semana depois, Professor Ariel curtia suas merecidas férias no Piscinão de Ramos em meio a uma onda de girinos ainda não identificados. Pelo menos não eram coliformes fecais. Odiava a piada que os amigos faziam antigamente, quando entrava na praia:
– Ih! Olha! Coliformes Fecais na água!
A partir daí, sempre tinha uma mãe zelosa gritando para seu rebento:
– Filho, sai da água! Tem coliformes fecais!
Sorriu lembrando que finalmente burlara o sistema. Ariel não é nome nem masculino nem feminino. É marca de sabão.
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