Permitam-me colocar o conto no plural. Por que? Porque são tantos e tantos casos perdidos que fica difícil contar. Exagerando o escrito, alguém já conseguiu contar as estrelas que brilham no firmamento? Os seres humanos, para se considerarem literalmente felizes necessitam, desde que nascem, além de um “berço de ouro”, de certas condições que a vida proporciona ou lhe proporcionará. Sua saúde, a convivência familiar e o lazer são importantes, mas a escola, em todos os níveis de educação, é a responsável direta pela formação mental dos jovens e seu comportamento futuro na sociedade.
Se o berço que nasceu é “de pobre”, as coisas se complicam, principalmente se, além disso, for órfão de mãe. Sem receber o amor e o colo materno, poderá ser no futuro um caso perdido, pois dificilmente será feliz tanto profissionalmente como na esfera conjugal. O autor é uma das raras exceções à regra, pois conseguiu vencer todas as agruras, engolir dissabores, cuspir o que não gostou, enfrentar as traições de que foi vítima e conservar sua mente sã em um corpo são. Com tantos desamores e absurdos que passou poderia, facilmente, ter escolhido um “mal caminho”. Além disso, felizmente viveu a infância e a mocidade em uma época em que a pobreza ainda não tinha acesso às mídias ou celulares, principais responsáveis atuais por muitos problemas familiares e sociais. E os outros tantos e tantos casos perdidos que o autor cita no início? Basicamente, caso perdido se diz de uma pessoa que não tem mais solução, está perdido no tempo e no espaço mesmo sendo sadio mentalmente. Mas, fugindo um pouco do conceito desta definição e levando o conto para o plural, citarei três exemplos de “casos perdidos”.
Nas favelas, hoje chamadas comunidades, moram centenas de pessoas “do bem”, mas que vivem sitiadas e obrigadas por milicianos ou traficantes a colaborar, de diversos modos, para segurança e sobrevivência dos mesmos. Até crianças são envolvidas neste processo. Em minha opinião, milicianos, traficantes, pessoas do bem e crianças são “casos perdidos”, pois dificilmente poderão reverter este quadro. Infelizmente, viverão eternamente sob o arbítrio de um governo paralelo e a mira de armas de diversos calibres.
Um segundo exemplo é muito comum e acontece com réus confessos e advogados de defesa. Ambos são “casos perdidos”, pois o advogado, mesmo reduzindo o tempo de prisão do acusado, perderá a causa e o réu terá que cumprir a sentença a ele atribuída. Aproveito o “gancho” do segundo exemplo para citar o terceiro. Após cumprirem penas, com os “alvarás de soltura” nas mãos, a grande maioria, ao ganharem a liberdade, se não tiverem apoio familiar ou social, não conseguirão emprego. Alguém dos presentes daria emprego a um ex-presidiário? Simplesmente terão que escolher para sobreviver: “mendigar” ou cometer um delito para voltar pra cadeia.
Todos, “CASOS PERDIDOS”…
Deixe uma resposta