Carlota Cambalacho, a feminista porreta do Bairro da Luz, nasceu à margem da luz; filha de suicida, criada pelo padrasto, veio ao mundo pra sofrer…
A dama, nascida na região, desenrolou a infância em Cabo Sul, local distante alguns quilômetros da cidade; vindo fixar residência no Bairro da Luz, próximo ao centro de Nova Iguaçu, em meados dos anos oitenta.
Romântica, convicta, amava até a morte, achava na morte o início da vida, via no amor uma parceria, indissolúvel, com a dor.
Os peitinhos da menininha de nove anos espiavam o mundo a partir da camiseta de algodão. O nascimento da bela flor convergiu com o início do seu calvário.
O padrasto, suado, retornava do trabalho, no início da noite, sujo de graxa; beneficiando- se do fato da esposa só chegar após as 22 horas, bolinava a enteada, envolto em súplicas:
— Segura aqui, um pouquinho, vem no colinho do papai!
A garota, assediada, mergulhada na inocência de criança, cedia ao padrasto. Com os anos, moça formada, tomou consciência da violação… Aí, o bicho pegou!
Numa tarde dessas, parceira do cotidiano, o criminoso perdeu a vida entre os dentes de Carlota. A notícia ecoou, ganhou a capa do jornal Correio da Lavoura: “Garota de 17 anos assassina o padrasto, arrancando o pênis da vítima com uma dentada”.
Recolhida num camburão prestou declaração na 52° DP, Delegacia de Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, onde pagou um boquete como fiança. Sendo liberada, pois era menor de idade.
Ingressou na maturidade, procurou a religião, crente fervorosa, orava pra esquecer… Na igreja conheceu o primeiro marido, um dependente químico a procura de salvação. Casou à moda grinalda, indo morar na casa do Bairro da Luz.
Os primeiros sete anos do enlace foram maravilhosos, mas a sofredora esbarrava, novamente, no destino. O marido retornou à droga, ansiosamente, passando a bater na companheira.
Resignada — aturou bastante— finalizando o matrimônio no enterro do esposo; envenenado por ocasião da degustação de uma sopa de inhame com chumbinho. Sepultou o cônjuge, apoiada no argumento da pandemia, com suspeita de Covid, sem autopsia. Endossada num atestado de óbito que lhe custaram, em recompensa ao médico, as últimas pregas do cu.
Abandonou a religião, vende cachorro-quente nas praias da zona sul e sonha casar de novo.
Recentemente, colocou um perfil de gente direita num site de namoro. Você deseja o endereço?
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