Sons coloridos e lúgubres
Compõem uma música original
Papel, plástico, metal
Tons mesclados
De instrumentos diversos
Zabumba, pífano, teclado
Vento, chuva, floresta
Reverberando em nós o universo,
A imensidão.
No mais, é o silêncio o que resta
O inaudível, a escuridão.
Nos seus experimentos, gravara os sons dos ambientes: o cachorro latindo, o cachorro chorando, o galo cantando, o barulho do ventilador, o trem em seu chacoalhar, os pingos d`água da torneira da pia, o pisar em folhas secas e os segredos do liquidificador.
Descobriu que gostava dos sons, os mais diversos. Tudo lhe soava como música aos seus ouvidos. Começou a experimentar também seus próprios sons. Sintetizou tudo e fez uma composição utilizando um programa de computador.
Eufórico com o resultado daquilo que a princípio era pra ser só um trabalho de escola e se desdobrou em algo mais, correu pra mãe quando esta chegou do trabalho.
– Escuta! Fiz uma música pra você!
Ao ouvir estas palavras, um filme passou pela cabeça de sua mãe. Ela viu à sua frente a imagem do pai do menino, que um dia também a presenteou com uma música. O abraçou forte e até chorou, embora ao ser perguntada se triste, disse que não, que estava feliz. É que talvez ela agora -como nunca- não tivesse mais o direito de esconder-lhe o músico que foi seu pai (que a trocou pela profissão), e que sempre o filho a questionava sobre quem foi e seu paradeiro.
– Mãe, gostou? Comecei fazendo uma pesquisa escolar, mas algo tocou mais forte dentro de mim, e estou pensando em estudar algum instrumento, sabe?
– É diferente! Gostei sim, filho!
E sim, ela sabia o que era isso; ela só não sabia se de fato ele seguiria esse rumo, por ser jovem ainda. Mas, esse despertar musical foi como um sinal. O menino, quase um rapaz (ela percebeu bem agora), sem saber, repetia e escrevia sua história, e era a música que a pautava.
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