tatu

As férias e o rabo do tatu

Era uma imensidão de quintal onde Aninha, Lia e Nina brincavam de tudo aquilo que podiam inventar. Corrida de caramujos, cama-de-gato, as cinco-marias, pedrinhas encantadas, piquenique na floresta e tantas outras invencionices.

Ao anoitecer, o quintal abrigava algumas criaturas sombrias. Então, as meninas se divertiam no jardim, correndo atrás dos vaga-lumes que acendiam suas luzes pisca-pisca. Corriam até o suor lhes fazer um belo colar ao redor do pescoço.

As férias na casa dos avós era coisa especial demais para as meninas. Lá, era a casa da vovó fada que realizava todo tipo de encantamento. Ela transformava a coruja em sapo, o sapo em lagartixa e a lagartixa em mariposa.

Vovó não fazia nada disso, mas os suspiros… Ah, eram os mais saborosos do mundo! Ela nunca acertava o ponto e virava um puxa-puxa com gostinho de raspas de limão. E o patê de presunto na bisnaga? Não tinha igual. As meninas brigavam pela ponta onde cabia mais patê. Para encerrar a briga, vovô determinou que cada dia uma ficaria com a ponta. Mas e os quadradinhos de rapadura? Ah, outra briga. Essa foi vovó quem resolveu: três cubinhos por dia pra cada uma e pronto!

Entre o quintal e a cozinha também havia o tanque. Mas não era um tanque qualquer. Era um tanque conjugado. Um ao lado do outro, bem grandes e fundos, revestidos de azulejos brancos, transformavam-se no clube aquático das meninas, que pulavam de um para o outro com tremenda habilidade. Era um deleite nas tardes de verão!

Mas de todas as brincadeiras, a preferida das meninas era procurar pelo rabo do tatu. O avô dizia que aquela que o encontrasse primeiro, brincaria com o tatu o dia inteiro. Sim, vovô criava um tatu no imenso quintal. Vez ou outra, elas ouviam um grunhido e corriam para espiar o animal. Mas nunca o achavam. Ele era esperto e ligeiro, logo voltava a se esconder no buraco.

Aninha, Lia e Nina passavam horas e horas procurando o rabo do tatu. Dias e semanas até as férias acabarem e nada de o encontrarem. A cada despedida, o avô dizia às netas: “Não desanimem meninas! Continuem procurando.”

Essa também era a brincadeira que vovô mais gostava: deixar as crianças curiosas e bastante cansadas de tanto procurar o tal rabo que nunca achavam.

Dando muitas risadas, vovô se divertia com um pedacinho do rabo do tatu dentro do bolso, dizendo: ”Quem sabe nas próximas férias vocês o encontrarão?”