dona sucuri

As cobras

No início do meu namoro com a Carol, os vizinhos já me alertavam que dona Sucurísia, mãe de Carol, era uma víbora. Envenenava a vida de todos que se aproximassem da filha. Por isso, nunca aceitei sequer um cafezinho oferecido por ela. As más línguas diziam também que quando Carol nasceu, o senhor Aguiar, seu pai, dona Sucurísia e sua tia, dona Cascavera, queriam registrar a menina com o nome de ‘Coral’ e não Carol, numa alusão à cobra-coral.

Fiquei muito curioso, por que todas as mulheres daquela família tinham os nomes relacionados com os ofídios e o pai da Carol se chamava Aguiar? Carol me explicou que Aguiar era um nome que lembra Águia, um pássaro que come cobras, por isso ela havia nascido: Seu Aguiar comeu a dona Sucurísia durante uma excursão a Mato Grosso do Sul. Quando perguntei de quem foi a ideia de tantos nomes ‘serpentinos’, Carol me disse que tudo começou com sua vó materna, uma mulher muito bonita, com um traseiro esplendoroso. Sua vó foi enfeitiçada por uma bruxa chamada Anacândida, que sentia inveja do seu belo rabo e por isso, um dia quando ela se distraiu, a bruxa colocou em sua bebida o OLHO DE SOGRA (um preparado que misturava pentelho de cabrito em pó com lágrimas congeladas da sogra de um crocodilo gay), uma porção mágica que faria perpetuar a saga da serpente em todas as mulheres que fossem suas descendentes.

Não me importei muito com isso, pois amava demais a Carol, embora nunca tivéssemos maiores intimidades. Porém, depois de algum tempo, entre sussurros e esfregões, resolvi um dia abrir a braguilha e lhe apresentar o meu objeto de prazer, o qual eu chamava timidamente de jiboinha…

Foi quando o rosto da Carol ficou transtornado: Vi sua expressão de espanto, tristeza e decepção. Depois desse dia, ela passou a entender também o porquê da razão desse meu nome e das gozações que os amigos faziam comigo. Em minha certidão de nascimento constava: José da Minhoca Curta.