irmãos gêmeos

Arte e traquinagem

Nem era tão distante, mas a cidade era pequena. A mulher era um doce e mãe de dois belos meninos gêmeos. Desde muito pequenos, sabiam que só teriam permissão para namorar quando completassem quinze anos. A cuidadosa mãe, solteira e atenciosa, fingia ignorar que, antes disso, os rapazes já faziam um sucesso digno de protagonistas de novela no lugar onde moravam.

Como os gêmeos são por natureza criaturas dotadas de uma astúcia tão ímpar quanto o charme que lhes é peculiar, exigiram que, ao completarem quinze anos, cada um tivesse sua própria festa. A mãe atendeu ao capricho, sem saber que a intenção, além da diversão em dobro, era que pudessem ter a oportunidade de ficar com as mesmas meninas mais facilmente, realizando a famosa “troca de lugar”.

A primeira festa, na sexta. A segunda, no sábado. Roupas parecidas e camisas extras para ninguém desconfiar. Era só uma bebida qualquer respingada na roupa e começaria muito bem o melhor ano de suas vidas, não fosse o destino, com o qual nenhuma molecagem é capaz de competir. 

Adoeceram os dois de virose dois dias antes das comemorações. A mãe sorria ao sentir o prazer velado de manter os rapazes sob seus cuidados (e sem liberdade total à aproximação das moças por um pouco mais de tempo). 

Porém, não demorou para que duas delas aparecessem para uma visita. A mulher serviu o lanche, permanecendo o tempo inteiro (sem nenhuma trégua) atenta, ao lado dos pupilos. 

Como os filhos já estivessem um pouco melhor, a boa mãe permitiu que eles levassem as moças para casa, já que naquele horário as mães das meninas estariam presentes, não ficariam sozinhos e não haveria falatório da vizinhança. Ela só não sabia que os filhos, a partir daí,  iriam adquirir um novo gosto em comum, além de vários outros: a maturidade. E sem que ninguém desconfiasse ou atrapalhasse, passaram a visitar as amigas sempre que suas mães estivessem também em casa. 

A mulher ficava tranquila. Os meninos agradeciam a conveniente confiança recebida. Agradeciam também àquilo que chamam acaso ou destino, responsável por fazer com que os gêmeos nasçam sob o brilho da estrela da perspicácia e da travessura. Estas, principalmente a travessura, as mulheres mais velhas também admiram.