aranha caranguejeira

Aracy e Moacyr

Era uma vez uma aranha que se chamava Aracy. Ela veio a apaixonar-se pelo ‘aranho’ Moacyr. Porém Moacyr era casado com Cecy, uma caranguejeira grande, peluda e faceira e ainda lutava capoeira. Morava em Muriqui, terra das muriçocas, que picavam todo mundo que comia paçoca de amendoim com açúcar e até de mandioca.

Mas voltando a Aracy, ela era tão apaixonada que ameaçou provar seu amor, praticando o haraquiri, caso Moacyr viesse a desistir e lhe deixasse sozinha, ali.

Reginaldo, o poeta caranguejo, que era amigo dos dois, logo interveio e entrou no meio da confusão, escreveu num cartão, um rascunho feito à mão (não era maio, era junho) e do próprio punho fez um versinho para os dois, que só ficou pronto muito depois. Tirou da cabeça da moça aquela ideia de morte, e seu plano, seu esquema, deu certo por sorte, por causa daquele poema que era até um tanto ruim. Era bem assim:

“Aracy, minha filha,
Tenha muito cuidado
E vê se toma tenência,
O Moacyr é casado
E você com essa saliência…
A mulher dele é ‘barraqueira’,
Tem três olhos e quatro pulmões,
Tem oito patas e tem ventosas,
Uma assassina caranguejeira
Daquelas bem venenosas,
Vai te encher de safanões.
E o que é que você ganha?
Melhor é dar o sumiço
E fugir dessa aranha,
E sair dessa empreitada.
Moacyr não vale isso,
Moacyr não vale nada!”

Foi aí que Aracy se deu conta do iminente perigo, olhou para o próprio umbigo e resolveu dá no pé. Principalmente quando soube que Moacyr nascera com os palpos debilitados, perdeu o interesse no amado e seguiu o seu destino gritando em altos brados: “Além dele ser casado, ainda tem os palpos finos…”