Em matéria de ganhar tudo no grito Alfredinho era um bamba (sempre me pergunto porque chamavam ele assim no diminutivo, se ele era, um homem com mais de dois metros de altura, descendente de alemão e forte como touro). Um bom exemplo era quando ele se reunia com os amigos no boteco para beber umas geladas. Nesses encontros a política atual era assunto obrigatório. E como sempre acontecia depois de muita cerveja consumida, momento estes em que os ânimos ficavam exaltados. Alfredinho se proclamava um negacionista bolsominion de carteirinha não gostava quando os amigos de copo começam a esculachar o seu mito. Quando faziam isso, ele Já totalmente chapado ia em sua defesa aos berros e fazia questão de dizer que na Alemanha de seus pais teve um homem tão porreta quando seu presidente. Nesse momento o caldo entornava porque muitos chamavam o atual chefe da nação de genocida, assim como o nazista alemão que ele admirava e amigo de milicianos. Que não estava nem um pouco preocupado com o povo, e sim, em encobrir o erro dos próprios filhos. O boteco virava uma balbúrdia, porque ali também haviam muitos defensores do presidente e faziam coro de apoio às gritantes palavras de Alfredinho Kaizer.
Quando a turma sentia que Alfredinho estava ganhando no grito a discussão, eles apelavam sempre para o seu ponto fraco, que ali todo mundo sabia, a turma escolhia alguém do grupo para escalar na rua um adolescente que provocasse o grandão.Pagavam dez reais para o garoto fazer isso e todos no bar ficavam esperando ansiosamente a reação de Alfredinho. Nessa hora todos deixavam as divergências de lado e se uniam para dar sonoras gargalhadas. O negócio era o seguinte: A coisa que mais irritava ele era ser chamado de gringo e todas sabiam disso. Por isso um garoto era escolhido para a tarefa.Era só esperar.
O adolescente do outro lado da rua enchia os pulmões de ar, se preparava para correr e gritava bem alto:
– Vai pra casa gringo bebum !!!!
Quando Alfredinho ouvia aquilo, o sangue subia a face, deixando o filho de alemães mais vermelho ainda, ele saia correndo tropegamente atrás do garoto e xingando muito:
– Vem cá moleque desgraçado, gringo é a puta que pariu.
No bar a gargalhada era geral. Uma nova rodada de cerveja chegava nas mesas para o deleite de todos presentes.
Até hoje ninguém sabe e nunca tiveram coragem de perguntar ao Alfredinho porque aquele apelido irritava tanto ele.
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