Eu não a conhecia. Quando ela foi morar no apartamento conjugado ao meu, acho que durante a sua mudança eu estava trabalhando e não presenciei sua chegada.
Com o passar dos dias, comecei a ser acordado diversas vezes pelo barulho de sua cama batendo em minha parede, além dos seus grunhidos de prazer e gemidos altos, o que muito me excitava. Acho que ela morava só e recebia algum namorado para as noites de amor.
Algumas vezes ouvi baterem em sua porta e eu muito curioso, ficava olhando por uma fresta. Ela sempre entreabria e eu, escondido só vislumbrava seu vulto. Uma silhueta na escuridão de seu mistério.
Comecei a ficar na espreita para tentar encontrá-la. Aquilo para mim já estava virando obsessão. Precisava conhecê-la, nem que fosse para um descompromissado cumprimento de fingido desinteresse. Cheguei a acordar por diversas vezes durante a noite na tentativa de vê-la chegar ou sair. Sem sucesso. Ficava aguardando e torcendo para uma possível oportunidade mas ela, nada. Quando por fim, já cansado eu ia dormir, começavam as batidas da cama, os gemidos…
Eu já não aguentava mais tanta ansiedade, até que um dia resolvi bater em sua porta e me apresentar. Foi em vão. Ninguém atendeu. Bati mais forte e nada.
Resolvi então procurar o senhorio, dono do apartamento que supostamente fora alugado pela moça. Queria saber dele sobre a nova vizinha. Para minha surpresa ele informou que o apartamento estava vazio há mais de 1 ano e diante da minha perplexidade, fez questão de me levar lá e mostrar o imóvel com as paredes nuas, quando eu assustado perguntei: E o barulho da cama na parede? E os gemidos? Ele sorriu. Colocou a mão no meu ombro e disse: ‘Você está precisando arranjar uma companhia…’
Acho que sentiu pena de mim.
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