turtle elephant

A tartaruga e o elefante

O primeiro livro infantil da história e do ocidente publicado em 1744 cabia “no bolso” e foi escrito pelo inglês John Newbery. No Brasil, Olavo Bilac em 1904 e Monteiro Lobato em 1921, publicaram as primeiras obras dedicadas exclusivamente às crianças. Atualmente, muitos autores brasileiros se dedicam ou se dedicaram ao lazer cultural dos jovens mas, Ana Maria Machado, primeira escritora e jornalista a fazer parte da Academia Brasileira de Letras, Maurício de Souza e Ziraldo com sua criação “O Menino Maluquinho” em 1980, são considerados “os papas” quando o assunto se refere ao entretenimento do público infantil. O interesse das crianças quando alguém, ou grupo teatral, conta ou representa histórias, é algo que tem de merecer sempre investimento e atenção governamental, seja na esfera municipal, estadual ou federal. As bibliotecas em escolas e os eventos culturais feitos especialmente para esta faixa etária terão valores e reflexos, individuais ou coletivos, no futuro de qualquer nação.

Em Nova Iguaçu, a personagem “Beterraba” Juliana Lima, editou em 2018 seu livro “O Tesouro da Palhaça Beterraba” e, em centenas de apresentações, foi a ”chama viva” da cultura infantil local na época. Talvez tenha sido a primeira escritora com coragem para abordar problemas que assolam o mundo atual como o uso abusivo de celulares e tablets na infância, fazendo com que as crianças criem seu próprio mundo paralelo, dificultando a interação social e o contato direto com seus pais e familiares.

Pessoalmente, criei e contava, sempre que podia, a seguinte história para os meus filhos quando tinham de três a cinco anos: “A tartaruga e o elefante”. Estou pensando até em desenvolvê-la teatralmente. Aqui, por falta de espaço, vou resumi-la. Nas manhãs de todos os dias, em uma bonita floresta, muitos bichos passeavam. A tartaruga e o elefante sempre se encontravam. O elefante sempre dava “bom dia” pra tartaruga que, sempre cansada em seu caminhar lerdo, não podia acompanhar o elefante em seu passeio. Um belo dia, a tartaruga pediu ao elefante para carregá-la, pois assim poderiam passear juntos. O elefante concordou e, ao se abaixar para que a tartaruga pudesse subir no seu dorso, caiu de lado. Impossibilitado de se levantar por seu peso, gritou por socorro. A tartaruga, coitada, nervosa com a situação e, sem muita pressa, saiu em busca de socorro, mas não encontrava nenhum outro bicho que pudesse ajudar. Finalmente, duas horas depois, encontrou uma zebra que se prontificou chamar mais bichos para ajudar no levante do elefante. A bicharada, de pronto, atendeu aos apelos da tartaruga e correram para socorrê-lo. Enquanto isso, a heroína tartaruga caminhou em direção ao acampamento para relatar a ocorrência ao zelador da floresta.  Este, prontamente, chamou a ambulância e o Corpo de Bombeiros para se dirigirem ao local e levantarem o elefante. Depois do susto, o elefante se lembrou que o leão tinha convidado todos para apagar o bolo do seu aniversário. Reunidos, todos cantam parabéns, comem um gigante bolo e se abraçam felizes.

Termino o conto me lembrando de Olavo Bilac e das primeiras frases de uma de suas imortais prosas:

A MOCIDADE É COMO A PRIMAVERA
A ALMA CHEIA DE FLORES RESPLANDECE