Conta a história do amor entre Jaebé e Anahí, uma índia muito formosa. Seus cabelos tinham o brilho dos olhos de Guaraci, o deus do sol. Jaebé a viu pela primeira vez se banhando no rio Jarí. Ele se apaixonou perdidamente por ela. Jaebé desejou profundamente se casar com Anahí.
Anahí era filha de Anajé, o cacique conhecido como espírito da águia. Anajé não demonstrou resistência ao receber a notícia de que sua única filha estava apaixonada por Jaebé, mas lembrou ao casal da importância de seguir os rituais sagrados da força da criação do planeta. Anahí também se apaixonou por Jaebé, porém ela só poderia se casar com um espírito guerreiro ou um espírito ancestral.
Jaebé procurou Anajé e pediu permissão a ele para casar-se com Anahí. Anajé disse que Jaebé que ele só poderia se casar com Anahí depois de falar com o pajé Kumuã. Ele teria que pedir permissão aos deuses para se casar com a jovem. Ela só poderia se desposar com um guerreiro ou com um espírito ancestral protetor. Jaebé procurou o pajé Kumuã para pedir a ele um remédio ou uma poção para se casar com Anahí. Ele sabia que não era um guerreiro e muito menos um espírito ancestral, mas o amor que sentia por Anahí era tão puro, profundo e verdadeiro que foi correspondido imediatamente. Entretanto, o jovem precisava da permissão dos deuses.
Jaebé sabia que não era guerreiro, tão pouco valente, porém o jovem desejava mais que tudo ficar ao lado de sua amada e se submeteu ao reconhecimento da sua incapacidade. Pediu ao pajé Kumuã que lhe concedesse a permissão de falar com os deuses e lhe garantiu que iria se submeter a qualquer sacrifício. Kumuã lhe concedeu o desejo, receitou o jovem que fosse ao riacho Yebá Belô e ficasse debaixo d’água uma noite inteira. Jaebé teve que ficar em jejum por nove dias para purificar seu corpo e conseguir cumprir com o ordenado do pajé Kumuã. Após o jejum, Jaebé foi até o rio, mergulhou e passou a noite de lua vermelha.
Assim que o dia clareou, saiu de dentro da água um pequeno pássaro. Seu primeiro feitio foi construir uma casinha de barro em um galho de uma árvore às margens do rio Yebá Belô. Depois de construir seu ninho, o pássaro voou para perto de Anahí e ele começou a cantar para sua amada. No final da tarde, ao pôr do sol, o pequeno pássaro se transformou no jovem Jaebé. O casal viveu junto até o fim.
O corpo de Anahí foi enterrado nos campos dos vales na saída de floresta. No local nasceram muitas flores, de seus variados tipos e cores. Jaebé voltou à forma de pássaro e dessa vez não voltou a ser um ser humano. Ele foi transformado no primeiro João de Barro.
Durante o dia o pássaro voa entre as flores e à noite volta para sua casa construída do barro que se forma às margens do rio Yebá Belô.
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