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A aventura da fada Maria

Era uma vez, uma terra de encanto e magia, onde morava uma fada diferente, uma fadinha do dente e seu nome era Maria. Olhando assim, ninguém dizia. Parecia outra fada qualquer. Com seu cabelo castanho, com seus olhos puxados, com sua varinha encantada e com suas roupas brilhantes. Tudo que já se viu antes. 

Maria não era muito querida lá no colégio de fada. Para as professoras, era desajeitada; para as colegas, engraçada; para a diretora, não era nada. Ah… a diretora, dona Etelvina, mais poderosa que qualquer fada de cinema e TV. No segredo, Maria colocava apelido e carinhosamente a chamava de ET. 

Ano após ano, as fadinhas se formavam e iam para o mundo dos sem magia, deixar seus presentes. Mas fada Maria, nunca aprovada, esperava sua vez de ver gente. O tempo seguia, passava, passava… E Maria jamais poderia ir atrás de um dente. 

Até que em um dia, de pura bruxaria, todas as fadinhas voltaram do mundo humano doentes. Nem voar conseguiam mais. Por um milagre, chegaram em casa, ninguém mais sequer sabia bater asa. Etelvina ficou muito preocupada. 

Acontece que a usina, que produzia energia etérea para as fadas, era alimentada pelos minérios de cada dente coletado. Sem poderem viajar, aquele mundo mágico estaria condenado. Maria, a única fada saudável, tinha que dar conta do recado. 

– Olha Maria, você não pode inventar, presta atenção ao pedido. Deixa o presente, pega o dente, ouça bem o que te digo. Eles já nem querem saber tanto de nós. Era mais fácil quando a gente entregava apenas moedas, no tempo de seus avós. 

 – Dona ET…, quer dizer, Etelvina, pode confiar em mim. Vou agradar menino, menina, todo mundo, assim, assim. Você está chorando agora, mas sorrirá tranquila lá no fim. 

A fada Maria – como se fala? – era muito criativa. Pegou logo aquela lista, mas preferiu levar coisa mais viva. Em vez de tablet, bola. Celular? Corda de pular. O notebook virou vitrola. 

Acompanhando tudo a distância, por sua bola de cristal, Etelvina ficou desesperada, aquela fadinha não era normal. Olhos veem, dentes mordem, mas Maria não sabia seguir uma ordem. 

Porém, algo estranho aconteceu. Mal amanheceu, a criançada banguela, que nem saía do quarto, começou a ir para a rua, brincar com seus amigos. João, Aninha e toda a turma do bairro estavam se divertindo juntos lá na praça da esquina, que vivia abandonada. Luisinho não foi, porque estava doente, mas vovô Cézar chegou com seus discos, que o menino nunca tinha visto antes. A vitrola novinha, que não sabia para que servia, começou a espalhar um bonito som. 

Todos ficaram felizes e Maria voltou com a bolsa cheia de dentes. Etelvina conseguiu perceber que aquela fadinha tinha um dom. E, sorrindo, entendeu finalmente: o que é diferente da vontade da gente também pode ser bom, muito bom.