– Blim-blommm!
– Pai! Que bom te ver. Entra, tô preparando a janta.
– Que bom, filhão. Tô até estranhando que você me chamou pra jantar.
– Que nada. Não posso chamar meu paizão na minha casa pra cozinhar pra ele?
– Claro. Vou abrir o vinho que eu trouxe. O cheirinho da comida tá bom. Tá esperando mais alguém?
– Hum, sim. Já, já tá chegando.
– Blim-blommm!
– Mãe! Bem-vinda à minha humilde residência.
– Sei. Não me chama pra nada. Desconfio que tá armando alguma cilada pra mim.
– Mãe, me espera na sala que já estou levando a janta. Se comporte!
– O que esse estrupício está fazendo aqui na sala?
– Ué, não posso chamar meu pai e minha mãe pra um jantar? Afinal, já tem vinte anos que vocês se separaram. Tá mais do que na hora de se perdoarem.
– E você tem trinta anos na cara e não aprendeu a me respeitar. Sabe que eu não gosto de dividir a mesma sala com esse traste.
– Irene, respeita o menino. Vamos pelo menos jantar em paz. Quer mais vinho, filho?
– Paulinho, fala pra esse pangaré que só não vou embora por que ainda considero você. Só por isso.
– Ei, sentem. Deixa eu servir vocês. Lembra do nhoque que você fazia, mãe?
– Lembro. Mas o meu era melhor que esse. Cozinhava o dia todo pra esse canalha me botar chifre na rua.
– A senhora cozinhava porque mandou a Isabel embora. Ela era ótima cozinheira.
– E seu pai adorava a comida dela. Era eu dar as costas e ele caia de boca na marmita dela.
– Mamãe!
– Deixa ela, filho. Sua mãe fala isso pra não ter que contar porque você fazia aulas de violão sem ter um violão.
– Ah, então é assim? Paulinho, pergunta a esse panaca quanto ele pagava pra Sandrinha sair com você?
– Pai? Era minha primeira namorada…
– Ah, agora só falta virar pro nosso filho e dizer que ele nasceu em novembro porque foi uma ficada de carnaval?
– Não, seu canalha. Vou dizer que ele é filho de outro, já que você não dá no couro.
– Mamãe, como assim eu sou filho de outro?
– Não é, filho, mas se dependesse do seu pai, seria. Ele não me dava bola e ia pra farra.
– Agora você foi longe demais, Iolanda. Ah se o Paulinho soubesse o que você fazia com o Miguel, o melhor amigo dele, não ia querer mais olhar pra sua cara.
– Chega! Trouxe vocês aqui pra fazerem as pazes, não pra piorar meus traumas de infância.
– Desculpa, filho. Acho que eu e seu pai exageramos um pouco. Usamos esse encontro que você nos proporcionou pra jogar um no outro mágoas do passado.
– Isso aí. Mas uma verdade eu preciso revelar.
– O que é, pai? Agora fala.
– Você cozinha muito mal. Deve ter puxado a sua mãe.
– Maldito! Só falta agora contar que ele é adotado.
– Mamãe!
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Conto divertido, um drama familiar temperado com humor na dose certa. Parabéns, grande abraço.
Esse texto merece ser transformado em esquete. Ficou bem engraçado. Parabéns!