Miguel era um gato cinza com manchas brancas e pretas. Ganhou esse nome porque desde que foi adotado, quando sua dona o procurava fazendo psssiii-psssiii-psssiii-psssiii-psssiii… Ele respondia: Migueeel-migueeel-migueeel-migueel…
Ele era um gato muito preguiçoso e guloso. Vivia comendo não só sua ração, mas sempre esvaziava o pote da ração de Joel. Joel era um cachorrinho da raça Poodle, que também fora adotado pela família. Miguel e Joel viviam harmonicamente na mesma casa. Corriam atrás das bolinhas juntos, se embolavam pelo chão em suas brincadeiras e traquinagens, exceto quando Miguel estava de mau humor. Nessas horas, quando Joel vinha todo serelepe pulando em cima dele, recebia uma patada no focinho.
Miguel era um gato bom, mas tinha uma mania muito feia de atribuir aos outros as besteiras que fazia. Quando derrubou um jarro que ficava em cima da estante, saiu correndo e atraiu Joel para o local onde estavam os cacos. Depois saiu de perto para que quando sua dona chegasse, pensasse que aquela bagunça tinha sido feita por Joel. Ao roubar um pedaço de carne em cima da pia, degustava quase tudo e só deixava um pedacinho pequeno para Joel, depois saía miando alto chamando a atenção de todos. Joel, acreditando na ‘bondade’ do amigo, foi pego com a “boca na botija”, ainda levando uma bronca de sua dona, achando que o coitado é que era o ladrão.
Miguel também tinha suas qualidades. Era às vezes muito amigo. A casa vivia infestada de ratos e baratas (aliás, esse foi um dos motivos da adoção de Miguel: acabar com aquelas criaturas). Ele acabou pegando amizade com os ratinhos e morria de pena das baratinhas que sempre se escondiam nos ralos, diante de sua presença.
Outra qualidade pela qual Miguel também se autodefinia era a de ser poeta. Por isso, e até para tirar o foco de um dos seus maiores defeitos (a gula desenfreada) ele, como sempre, transferiu poeticamente esse defeito para os astros e construiu o seguinte poema:
SÃO MIGUEL
Joel é meu irmão
Mas come a minha ração
No verão e no inverno
Amo muito Joel
Mas acho que ele vai pro inferno
E eu, direto pro céu!
Assinado: Migueeel
O gato é sempre mais ‘malandro’ que o cachorro. O cachorro costuma ser mais amoroso. São essas ‘personalidades’ que acabam nos conquistando.
Um gato poeta. Sua cara, Medina.
Miguel dá um migué de vez em quando, mas é “gente” boa. Adorei o conto, meu amigo.
Adorei esse gato Miguel! Sem dúvidas, pra lá de esperto e cativante.
Luiz, meu amigo, só pelo título, me ganhou… (Sou gateira, né? rs)
Ah, esse Miguel não é fácil, hein?
Cheio de defeitos e qualidades, quais nós, seres humanos.
Você o humanizou de tal maneira, que eu consegui visualizar cada passo de suas patinhas bagunceiras.
Foi genial a construção, e não há como não voltar à infância (Miguel representa a infância da maioria de nós!).
Que conto fascinante, que nos prende do início até o final!
Adorei!!!!