Pela manhã cedinho na floresta Dona Minhoca, muito preocupada, reuniu a minhocada para falar sobre aquecimento global. A Abelha Rainha, ligada na conversa, chamou suas operárias a ajudá-la na decisão de mudança urgente para o interior. Algumas corajosas se prontificaram a irem na frente. Alguns dias depois, apenas duas do enxame retornaram. Assim mesmo porque pegaram carona no ônibus com ar condicionado. Chegando desidratadas na colmeia encontraram os cientistas examinando o mel e a cera. Preocupados, ao perceberem diferença na produção e qualidade, comentaram: Sem contar na baixa polinização, até o mel não é mais o mesmo. Seu Besouro amanheceu de pernas para o alto, esturricado. A família de corujas espalhadas pelos telhados buscavam abrigo para os filhotes, longe dos olhos atentos dos gaviões, enquanto o céu azul sem nuvens anunciava dias bem quentes. As formigas não deram ouvidos, achando ser apenas murmúrios, uma vez que, há muito vinham se organizaram estocando comida e cuidando da ventilação sem parar um só minuto a escavação solo adentro como labirintos, acreditando não correrem riscos.
O engenheiro chefe e sua equipe estudaram os lençóis freáticos e iniciaram a perfuração de poços, fazendo testes de qualidade da água, mas logo o rio reclamou defendendo o seu território, querendo saber o motivo de tanta investigação. As meninas Mônica e Graça nos seus doze e treze anos, por iniciativa própria, cadastraram as crianças do vilarejo sonhando com escolas melhores aparelhadas e merenda. Assistiam a aula de Ecologia onde a professora Joana esticava um grande cartaz falando sobre física quântica, exemplificando uma borboletinha que acabou de sair do casulo, ao bater as asinhas em seu primeiro voo, mesmo vivendo do outro lado do mundo chega até nós a sua vibração, devido ao mundo inteiro estar conectado através de uma rede ou malha energética, como uma teia de aranha, por exemplo. Naquele momento a Dona Aranha se aproxima exclamando: “Disso eu entendo muito bem! Alguém aqui já parou para observar as minhas teias? São milimetricamente confeccionadas e distribuídas assim como as teias energéticas que a professora está falando.” No mesmo momento o céu é tomado por um imenso coletivo de borboletas: o Panapaná. A líder do grupo se aproxima falando sobre o que viu pelo caminho: queimadas, maremotos, enchentes, solo quente, geleiras descongelando e muito lixo nos mares e lagoas. “Aff! Nós achamos que estaríamos protegidas.” Na praça, crianças chamam os adultos para apreciarem a beleza no céu, Luiz e Luiza correm brincando com as borboletas, o bebê João dá a sua primeira gargalhada, a cidade para, uns fechando portas e janelas, enquanto outros simplesmente apreciavam a beleza, pois se tratava de um espetáculo natural jamais visto por ali. No Centro de Convenções, um grupo de cientistas palestrando em um congresso sobre o meio ambiente sendo realizado no decorrer da semana, explica o fenômeno para o público: “Olhem! É o Panapaná (termo de origem tupi que se refere a um bando de borboletas), enquanto a maioria dos insetos hibernam no inverno, as monarcas são as únicas borboletas conhecidas que migram como pássaros, fugindo do inverno. A jornada supera o tempo de vida do inseto, que é de aproximadamente dois meses – o ciclo de ida e volta é realizado por até quatro gerações da borboleta.”
Naquele momento, o local é tomado pelos belos insetos interrompendo o evento, fazendo com que todos seguissem pensando sobre o que fazer para salvar o planeta.
Um conto lúdico sobre a conservação do Planeta. Muito bom.