Hum, sei lá, uns dizem que foi em 1494 outros dizem 1500.
Era uma terra tão bonita que lhes deram logo um nome de mulher (Vera), que quer dizer verdadeiro, pois Cabral carregava lasca de madeira que para eles seriam da Cruz de Jesus, mas os nomes eram fartos. Pindorama (dado pelos indígenas), Terra Nova, Terra dos Papagaios, Cruz do Brasil até chegar, finalmente, a Brasil em 1527. Não é muito diferente nos dias de hoje. Moro em um bairro da Baixada em que há ruas que já mudaram de nome três vezes, hahaha. Quando é a próxima eleição?
Voltando ao assunto, tinham que escolher a capital do promissor Brasil. Como Tomé de Souza, nessa altura do campeonato, foi eleito governador-geral do Brasil, Salvador foi à escolhida.
Era uma cidade moderna e bem equipada, mas com a descoberta do ouro em Minas, Goiás, Mato Grosso… Salvador perdeu a importância. Pasmem, eles estavam preocupados com o contrabando, hahahaha, parem de rir, é verdade isso em 1700 e pouco.
Então a capital veio para o Rio, pois era mais estruturada e mais perto de Minas Gerais, onde brotava ouro. Mas aí veio JK e falou:
– Aqui no Rio é muito perigoso, mar aberto por todos os lados. Podemos ter ataques marítimos. Como vamos fazer?
Ah! Estava esquecendo que Curitiba também foi capital do Brasil por três dias. Meu Deus por que isso? Era para fortalecer o apoio à ditadura na região. Deixem de ser chatos, foi apenas três dias.
Voltamos ao JK, ele não é todo culpado. Não vamos esquecer de José Bonifácio que falou:
– A cidade é vulnerável à ataques de corsários (navegadores e piratas que praticavam roubos de cargas) e franceses eram comuns. Como era pelo litoral, o Rio era alvo fácil e blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá.
Aí ele, José Bonifácio, teve a brilhante ideia de construir uma cidade no planalto central. O polo foi deixado de lado. Somente no final do século XX, quando o Brasil já era uma república, aí foi criado um projeto de lei sobre a transferência da capital, que foi aprovada em 1891 e, pasmem, o Congresso aprovou uma expedição com astrônomos, engenheiros, militares (é claro), médicos, botânicos e vários outros cientistas. Com toda essa pompa, acreditem, ninguém se interessou pela nova cidade. Mesmo assim o projeto estava lá firme e forte. JK é eleito e vai levar a capital do Brasil para o centro do país. Lá o Brasil corre menos riscos de roubo e contrabando, hahahaha, pois é completamente deserto.
Cinquenta anos em cinco era o lema. Seu plano mais ambicioso, a construção de Brasília. Foram chamados o papa do urbanismo Lúcio Costa e da a construção Oscar Niemeyer, que fizeram um trabalho fantástico, inaugurado em 21/04/19160. Há quem diga que houve trabalho escravo, dezenas de mortos que até hoje seus familiares esperam indenizações, inclusive por mutilações, e o real motivo da capital ser transferida para Brasília não era por invasão marítima e sim porque naquela época o Rio de Janeiro tinha uma população altamente alfabetizada e que o governo queria se afastar daquele povo que sabia um pouquinho mais. Por que será, hein?
Esse conto foi feito durante uma viagem pelo Brasil. Saí do Rio, queria sentir frio, fui pro sul de avião, que beleza, parei em Santa Catarina, comi um barreado. É uma carne cozida por doze horas com aipim, uma beleza. Peguei o avião, subi até o nordeste e parei no Ceará. Comi uma carne de sol com pirão, bom demais. Aí estiquei até o centro do Brasil, atual capital e, pasmem, o prato típico era um picadinho de filé, pastel e caldo de cana. Isso eu como na feira, falei. Estava na hora de ir embora. Cinco dias viajando de avião, já não aguentava mais. Vou alugar um carro até a rodoviária, fui na agência olhei, olhei, falei:
– Eu quero esse carro aqui.
– Esse?
– Sim.
– Não, este não está muito bom, ele não é confiável.
– Vai suprir minhas necessidades.
– Tem certeza?
– Sim, por que não é confiável? Que carro é esse?
– Brasília 1958.
– Obrigado, vou de avião.
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